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Toscano vê desejos incestuosos de pai e filha em redoma de vidro
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A pulsão do desejo entre criador e
criatura é um dos
recortes possíveis
para a nova peça de
Antônio Rogério
Toscano, "Electr-O-Pura", apresentada hoje no ciclo "Leituras de
Teatro" da Folha.
Lida e interpretada por Rita
Wirtti, menina surge aprisionada
em um aquário pelo pai, por
Gaion de Oliveira. Ambos estão
encerrados em um segundo espaço de paredes de vidro. Nessa redoma de transparências, estabelecem um jogo erotizado e fragmentado. O texto é pleno em simbolismos (até um peixe e um manequim viram personagens).
O ponto de partida é a obra do
artista plástico francês Marcel
Duchamp (1887-1968), como "A
Noiva Despida por Seus Celibatários, Mesmo", em que retrata uma
mulher ávida por transar com um
celibatário, "máquina de sexo que
não funciona", diz Toscano, 30,
autor de "Sacromaquia" (2000).
Nas entrelinhas, há referências à
fábula de Pinóquio e é visitado o
mito grego de Electra, variante feminina que Jung cunhou para o
complexo de Édipo, uma leitura
incestuosa dos laços pai-filha.
Aqui, afirma Toscano, "ela parte
para o confronto, está cansada de
se aniquilar ao cultuá-lo". Inevitável o desfecho trágico.
"Electr-O-Pura" (título de CD
da banda Yo la Tengo) foi escrita
com a colaboração dos atores.
A leitura acontece hoje, às 20h,
no auditório da Folha (al. Barão
de Limeira, 425, 9º andar, Campos Elíseos, São Paulo). A entrada
é franca. Reservas pelo tel. 0/xx/
11/3224-3473, das 14h às 17h.
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