São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 2002

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Toscano vê desejos incestuosos de pai e filha em redoma de vidro

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A pulsão do desejo entre criador e criatura é um dos recortes possíveis para a nova peça de Antônio Rogério Toscano, "Electr-O-Pura", apresentada hoje no ciclo "Leituras de Teatro" da Folha.
Lida e interpretada por Rita Wirtti, menina surge aprisionada em um aquário pelo pai, por Gaion de Oliveira. Ambos estão encerrados em um segundo espaço de paredes de vidro. Nessa redoma de transparências, estabelecem um jogo erotizado e fragmentado. O texto é pleno em simbolismos (até um peixe e um manequim viram personagens).
O ponto de partida é a obra do artista plástico francês Marcel Duchamp (1887-1968), como "A Noiva Despida por Seus Celibatários, Mesmo", em que retrata uma mulher ávida por transar com um celibatário, "máquina de sexo que não funciona", diz Toscano, 30, autor de "Sacromaquia" (2000).
Nas entrelinhas, há referências à fábula de Pinóquio e é visitado o mito grego de Electra, variante feminina que Jung cunhou para o complexo de Édipo, uma leitura incestuosa dos laços pai-filha. Aqui, afirma Toscano, "ela parte para o confronto, está cansada de se aniquilar ao cultuá-lo". Inevitável o desfecho trágico.
"Electr-O-Pura" (título de CD da banda Yo la Tengo) foi escrita com a colaboração dos atores.
A leitura acontece hoje, às 20h, no auditório da Folha (al. Barão de Limeira, 425, 9º andar, Campos Elíseos, São Paulo). A entrada é franca. Reservas pelo tel. 0/xx/ 11/3224-3473, das 14h às 17h.



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