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CRÍTICA ANTOLOGIA
Seleção criteriosa recupera o essencial da obra de Nabuco
JEAN MARCEL CARVALHO FRANÇA
ESPECIAL PARA A FOLHA
O que é realmente indispensável de ler quando se
quer conhecer uma obra ampla e variada como a de Joaquim Nabuco?
O historiador Evaldo Cabral de Mello acaba de propor uma boa resposta para
essa questão na antologia
"Essencial Joaquim Nabuco", que, juntamente com
mais três títulos, inaugura a
parceria entre a editora britânica Penguin e a brasileira
Companhia das Letras.
"Essencial...", explica-nos
o organizador numa sucinta,
mas competente e esclarecedora nota introdutória, é produto de uma opção bastante
clara: propiciar ao leitor um
panorama circunscrito da
obra de Nabuco, destinado a
dar a conhecer facetas bem
determinadas dessa obra.
GRANDES TEMAS
Trata-se, pois, não de tentar construir uma visão geral
de uma obra tão volumosa,
mas de demarcar aí alguns
pontos específicos e de selecionar aqueles fragmentos
de obras que melhor ilustram
a maneira como o autor trabalhou tais pontos ao longo
de sua trajetória intelectual.
Dentre um universo amplo
de possíveis, Evaldo escolheu, para nortear a primeira
parte de sua antologia, aquele tema que mais notoriedade trouxe ao pensamento de
Joaquim Nabuco: a abolição
da escravatura.
A esta parte inicial pertence um tocante fragmento do
autobiográfico "Minha Formação" (1900), em que Nabuco descreve o seu primeiro
contato com o drama da escravidão no Brasil.
Pertencem também a esta
parte alguns capítulos do incontornável "O Abolicionismo" (1883), os discursos da
campanha abolicionista do
Recife, de 1884, dois opúsculos de 1886 -"O Erro do Imperador" e "O Eclipse do
Abolicionismo"- e dois discursos de 1888.
A POLÍTICA
A segunda parte agrupa
aqueles escritos que, segundo o organizador, dizem respeito aos aspectos políticos e
historiográficos da obra de
Joaquim Nabuco.
Os temas abordados nessa
seção são mais variados. Logo à partida, o leitor se depara com uma passagem de
"Balmaceda", obra dedicada
a analisar a situação política
chilena em 1791, mas escrita
com os olhos voltados para a
então recente Proclamação
da República no Brasil.
Seguem "A Intervenção
Estrangeira durante a Revolta de 1893", artigo sobre o levante liderado pelo almirante Saldanha da Gama contra
o governo de Floriano Peixoto, e alguns fragmentos do
magistral "Um Estadista do
Império" (1897).
Encerrando o volume, há
três conferências pronunciadas nos Estados Unidos entre
1908 e 1909, uma versando
sobre a história da construção da nacionalidade brasileira e as outras duas sobre as
Américas.
Eis, em linhas muito gerais, o essencial de Nabuco
de acordo com Evaldo Cabral
de Mello.
É um essencial estabelecido com critério, ilustrado
com esmero e que, embora
recorra a alguns escritos conhecidos do célebre político
e escritor, está bem longe de
ser óbvio.
JEAN MARCEL CARVALHO FRANÇA é
professor de história na Unesp e autor,
entre outros livros, de "Andanças pelo
Brasil Colonial" (Editora da Unesp)
ESSENCIAL JOAQUIM
NABUCO
ORGANIZAÇÃO Evaldo Cabral de
Mello
EDITORA Companhia das Letras
QUANTO R$ 32 (632 págs.)
AVALIAÇÃO ótimo
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