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SP vê centena de obras de Keith Haring
Grafiteiro e nome central da pop art ganha maior mostra no país desde 1983, quando esteve na Bienal de SP
Exposição no Conjunto
Nacional reúne raras
ilustrações para "The
Valley" e "Apocalypse",
de William Burroughs
SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
Não há entrada nem saída
no vale. Estreito demais, tem
luz do sol só por algumas horas do dia. Seus habitantes
desenvolveram uma espécie
de milho azul que cresce à
noite. Alimenta, mas corrói a
boca até matar. Só a música
mantém vivo esse povo.
Keith Haring, numa de
suas séries menos conhecidas, ilustrou a alegoria distópica de William Burroughs
com traços mais duros do
que as cores vibrantes e fantásticas de seus bonequinhos
que dançam e fazem sexo.
Discípulo do pop, vindo
das ruas de Nova York, Haring tinha um vale pessoal.
Levou o gueto do grafite às
galerias mais descoladas de
Manhattan e fez de sua obra
um manifesto nos anos mais
duros da epidemia da Aids,
doença que acabou tirando
sua vida há 30 anos.
Suas ilustrações do poema
"beatnik" e todo um panorama de sua produção -quase
cem obras- estão agora na
Caixa Cultural. Desde que esteve na Bienal de São Paulo
em 1983, é a maior mostra dedicada ao grafiteiro no país.
Voltados para o lado de fora da galeria, no Conjunto
Nacional, estão suas séries
mais célebres, a iconografia
de Haring reproduzida à
exaustão em canecas, camisetas e todo tipo de suvenir.
Ele mesmo tinha uma loja,
a Pop Shop, na rua Lafaeytte,
em Nova York, onde vendia
suas séries, numa fusão do
espírito pop com a ideia de
arte pública de seus murais
nas estações de metrô.
Do lado de dentro, obras
do começo da carreira, com
traços mais crus, mostram
que Haring manteve sua galeria de personagens-chave
em sua visão de vida, sexo e
energia, mesmo com o banho
de loja que ganhou depois na
condição de celebridade.
Estão lá o bebê, energia
humana, o cachorro, energia
animal, as pirâmides, energia ancestral, e os discos voadores, energia futurista -todos emoldurados por linhas
de ação. Também dançam ao
som da música que ajudou a
manter vivo esse artista.
KEITH HARING
QUANDO de ter. a sáb., das 9h às
21h; e dom., das 10h às 21h
ONDE Caixa Cultural (av. Paulista,
2.083, tel. 0/xx/11/3321-4400)
QUANTO grátis
JOSÉ SIMÃO
O colunista está em férias
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