São Paulo, domingo, 31 de julho de 2011

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Carecas mostram força em novas séries

Produtores usam falta de cabelos para criar personagens mais marcantes em seriados como "Breakout Kings"

Roteirista diz que característica é a primeira coisa que o público vê e serve para ressaltar atitudes

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DE SÃO PAULO

Nada de penteados certinhos. Agora a moda é o orgulho de ser careca. Novas séries abusam de personagens sem nenhum fio de cabelo ou de cabeça raspada.
E não estamos falando de comédia nem de autodepreciação. As tramas os colocam em papéis de fortões bombados e chegam a apostar em um "charme careca".
O rapper e ator LL Cool J faz sucesso entre as mulheres. O agente Sam Hanna, de "NCIS Los Angeles", sempre aparece com os músculos de fora, e seu intérprete não se cansa de contar de onde vem seu nome artístico.
Nascido James Todd Smith, desde seus tempos na música ele adotou o codinome, que, conforme adora explicar nas entrevistas, é uma abreviação para Ladies Love Cool James (as mulheres amam o descolado James).
Na mesma linha, o durão Ray (Domenick Lombardozzi) não se preocupa em se despentear enquanto corre atrás de fugitivos, auxiliado por um bando de ex-presidiários, em "Breakout Kings".
O roteirista Marc Bechar, da brasileira "9 MM: São Paulo", diz que não desenvolve seus personagens a partir de características físicas. Mas defende que uma careca é marcante: "É a primeira coisa que o público percebe. Marca muito o rosto. O personagem fica muito mais forte".
Já o ator James Lesure, no ar na TV paga e na aberta com a reprise de "Las Vegas", crê que essa proliferação resulte da situação econômica.
"Muitos programas tiveram de fazer cortes para se manter em produção. Um dos lugares mais fáceis de enxugar é no departamento de maquiagem. É mais barato ter cabeça lisa", afirma em entrevista à Folha.
Como Mike Cannon, ele tira sarro da falta de cabelos e fica ridículo quando usa uma peruca como disfarce.

DESDE O TEMPO DO KOJAK
Não é que os carecas sejam uma novidade na TV.
O ator Telly Savalas ficou cinco temporadas no ar com seu detetive Kojak, de 1973 a 1978, e seu nome virou apelido para muitos calvos. Sua fama, contudo, passava longe, da noção de símbolo sexual.
Agora, reina o amor-próprio absoluto. O ator George Eads tinha um corte arrepiado quando seu agente Nick Stokes começou em "CSI", há 12 anos. Naquela época, Nick era um boa-vida e se envolvia com prostitutas investigadas pela equipe de perícia.
Com o tempo, foi ficando mais sério, o que se traduziu na raspagem das madeixas.
É o caso também do detetive interpretado por Corey Stoll em "Law & Order: Los Angeles". A careca lustrosa ajuda a passar credibilidade para um investigador honesto e pouco deslumbrado com ricos e famosos de Hollywood.
Em outros casos, a calvície tem outro uso: deixar o personagem mais estranho. "Fringe" utilizou esse recurso com o comandante do time que investiga casos paranormais -ou tão bizarros quanto seu longilíneo líder.


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