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NO RIO
Fernanda Montenegro, a gaivota, estréia no Leblon
da Sucursal do Rio
Fernanda Montenegro não é diva. Afirma que, ao contrário de
Arkádina -sua personagem na
peça "Da Gaivota", que inicia
temporada hoje no Rio- não tem
"o vício do divinismo".
Fernanda é mais. É a própria gaivota. "Eu sou uma gaivota no melhor sentido da palavra. Não tenho
pudor de dizer que nunca tive vergonha do que um dia intuí como
vocação teatral", diz a atriz.
"Determinadas coisas não cabem a uma diva. Não posso ser diva. Tenho verdadeiro horror do
preconceito cênico. Quero me
exercitar diante de qualquer proposta. No exercício de minha vocação quero me permitir tudo."
Vocação. Essa é a palavra que
Fernanda considera essencial na
peça "A Gaivota", do dramaturgo
russo Anton Tchecov -que foi
traduzida, adaptada e dirigida por
Daniela Thomas e recebeu o nome
de "Da Gaivota".
"Embora seja uma peça que fale
de teatro, atores e escritores, o tema central é o rigor da vocação.
Cada pessoa da platéia, tenha o
ofício que tiver, levará um chamamento sobre a sua vocação criativa", diz Fernanda Montenegro.
"A pergunta é: Você está sendo
fiel à sua escolha de vida?"
Para responder, Fernanda Torres -que além de interpretar Nina, a jovem atriz que deseja a fama, também é, com a mãe, produtora da peça- formou o que considera o "grupo de teatro impossível". "Impossível, porque poderia parecer impraticável misturar
pessoas de tendências e experiências tão diversas como fizemos.
Mas não poderia ser diferente, já
que o próprio texto de Tchecov
coloca no mesmo saco, sem preconceito, todas as tendências do
teatro", diz Fernanda Torres.
Também não poderia ser diferente, porque a condição de Daniela Thomas, que está estreando
como diretora, para realizar a peça
era justamente tornar possível o
que poderia parecer impossível.
"Para representar os seis personagens da adaptação que fiz (na
versão original são 11), só poderia
pensar em atores que pudessem
representar a força extraordinária
deles e romper qualquer limite de
tradição", disse Thomas.
Além de Fernanda mãe e Fernanda filha, estarão no palco Celso
Frateschi, Nelson Dantas, Matheus Nachtergaele e o diretor/ator Antônio Abujamra.
Para Fernanda Montenegro,
"Da Gaivota" é "o resultado do
desejo de seis atores e uma diretora de discutir que rumo dar, o que
fazer, o que zerar no fim de século,
onde todas as linguagens teatrais
estão praticamente esgotadas. Como Tchecov fez há cem anos".
Em "Da Gaivota", Arkádina é
uma uma atriz de renome que vive
com Trigorin (Frateschi), um escritor de sucesso. Durante um final de semana em sua fazenda, seu
filho, Trepliov (Nachtergaele), aspirante a dramaturgo, ensaia uma
peça interpretada pela jovem atriz
Nina, por quem ele é apaixonado.
O administrador da fazenda
(Abujamra) é um nostálgico que
relembra o teatro do passado. Sorin (Dantas), sensível irmão de
Arkádina, percebe a solidão e o sofrimento de Trepliov diante das
críticas e do desprezo de sua mãe.
Peça: "Da Gaivota"
Direção: Daniela Thomas
Com: Fernanda Montenegro, Fernanda
Torres, Antônio Abujamra, Matheus
Nachtergaele, Nelson Dantas e Celso
Frateschi
Onde: Teatro Leblon - sala Marília Pêra (rua
Conde de Bernadote, 26, Leblon, tel.
021/294-0347)
Quando: de hoje a 30 de agosto. Quinta a
sábado, às 21h; domingo, às 19h
Quanto: R$ 20 (quinta), R$ 25 (sexta), R$
30 (domingo) e R$ 40 (sábado)
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