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CINEMA/ESTRÉIA
"BUFO & SPALLANZANI"
Adaptação de romance homônimo de Rubem Fonseca marca estréia de Flávio Tambellini na direção
"Foi difícil saber o que descartar do livro"
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REDAÇÃO
Sapos e assassinatos. São esses
os pontos de partida do romance
"Bufo & Spallanzani" (85), de Rubem Fonseca. Após 30 mil exemplares vendidos desde 91 e na 25ª
edição, o livro chega às telas pelas
mãos de Flávio Tambellini.
Intitular sua obra com o nome
de uma espécie de anfíbio -Bufo
marinus- associada ao sobrenome de um cientista foi a maneira
de Fonseca atrair o leitor para o
desconhecido. Na transposição
para a telona, Tambellini resolveu
mantê-la. "Até falaram que eu deveria escolher um nome mais comercial, porque o público não entenderia. Mas, além de perder a
idéia original, que nome eu poderia dar?", pergunta. "Acabaria
caindo num "A Vingança de Não
Sei o Quê". Eu me recusei."
Tambellini deixa os bastidores
da produção de filmes como "Eu
Tu Eles" e "A Ostra e o Vento"
para estrear na direção. "Sempre
quis dirigir, mas o mercado me
levou para a produção. Quando
me deparei com as qualidades do
livro de Fonseca, encontrei um
projeto com a minha cara."
Segundo ele, foi muito difícil
adaptar a obra, "saber o que usar
e o que descartar entre tantos detalhes que há no romance".
Para ajudá-lo a realizar essa tarefa, o cineasta chamou a escritora Patrícia Melo. Ela iniciou o trabalho de roteirizar a história de
um escritor que é amante de um
socialite rica, até ela aparecer
morta numa Mercedes.
"Em um certo momento, acabamos ficando com duas histórias desconectadas uma da outra", conta. A consistência do
enredo foi dada pelo próprio Rubem Fonseca: "Ele fez uma releitura do livro, reconstruindo e
destruindo personagens".
Apesar de o filme estar pronto
há dez meses, o diretor preferiu
adiar a estréia. "Tive de segurar
minha ansiedade. A divulgação
não tinha estourado ainda. Ia ser
precipitado ter estreado antes.
Agora é a hora certa."
"Bufo" foi exibido em diversos
festivais antes de estrear hoje. A
última participação foi na competição de Gramado no começo
deste mês. "Não queria entrar,
porque é um festival muito político. Mas acabei entrando."
Ganhou quatro Kikitos: ator
(Tony Ramos), atriz (Isabel Guéron), ator coadjuvante (Juca de
Oliveira) e direção de arte (Gualter Pupo Filho). Mas perdeu os
prêmios principais -de melhor
filme e diretor- para "Memórias
Póstumas". "Fiquei feliz pelo André [Klotzel, diretor de "Memórias Póstumas'". Já tínhamos sido
premiados lá fora, em Miami."
Enquanto produz "O Homem
do Ano", de José Henrique Fonseca, e "Estação Carandiru", de
Hector Babenco, Tambellini se
envolve em mais uma adaptação:
"Passageiro", de Cesario Mello
Franco, ainda a ser lançado. "Como o processo de filmagem no
Brasil é demorado, só devo me
dedicar a isso no ano que vem."
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