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"Tarantino é tarado por pés"
Uma Thurman fala de seu novo filme, "Minha Super Ex-Namorada", e da obsessão do diretor de "Kill Bill"
Em entrevista, a atriz norte-americana diz que "superpoderes na cama também fariam bem a qualquer mulher"
TETÉ RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NOVA
YORK
Ela já foi enterrada viva (em
"Kill Bill"), ajudou a relançar a
carreira de John Travolta com
uma dancinha e uma overdose
(em "Pulp Fiction"), foi iniciada sexualmente por John Malkovich (em "Ligações Perigosas") e agora aprende a voar e a
combater o crime. Mas não anda nada bem. Não porque seus
superpoderes estejam falhando. É que em "Minha Super Ex-Namorada", que estréia amanhã no Brasil, Uma Thurman
interpreta o pesadelo básico de
todo homem.
Ela encarna uma ex-namorada ciumenta, neurótica, paranóica, com visão de raio-x, força de estivador e habilidade de
voar. "A ficção científica é só
um apêndice. O filme na verdade é uma comédia romântica",
disse o diretor, Ivan Reitman
(de "Os Caça-Fantasmas"), à
Folha no lançamento do filme
nos EUA, no mês passado. "Ou
uma tragédia romântica, se você pensar do ponto de vista do
personagem masculino." No
caso, o ator Luke Wilson, o irmão sem talento do engraçado
Owen Wilson.
A Folha participou da entrevista que Uma Thurman, 36,
separada desde 2004 do ator
Ethan Hawke, deu à imprensa
estrangeira em Nova York. A
seguir ela fala sobre o filme e
outros temas, a começar pela
fixação de Quentin Tarantino
por seus pés tamanho 41.
TARANTINO E OS PÉS
Não tenho a menor obsessão
por meus pés. São imensos.
Mas há muitos diretores que
gostam muito de pés e muitos
homens que também são fissurados. Quentin, que foi quem
começou com essa história de
mostrar os meus pés [em close-up em "Kill Bill"], é completamente tarado por pés e fala sobre isso abertamente. A culpa é
toda dele, agora todos sabem
como são os meus pés, e quem
já tem uma queda pelo assunto
pensa em mim. E eu odeio
meus pés, eles são enormes!
SUPERPODERES
Quando estou me sentindo
angustiada, gostaria de poder
voar. Superpoderes na cama
também fariam muito bem a
qualquer mulher.
DIRETORES
Há vários diretores com
quem eu gostaria de trabalhar,
mas não vou mencionar nenhum nome só para não botar
ninguém contra a parede. Procuro escolher trabalhos que sejam inovadores, que me desafiem. Não tenho a menor atração por trabalhar por trabalhar,
quero fazer coisas diferentes,
que me levem a pensar em coisas diferentes. E pessoas como
eu, que gostam de testar idéias
malucas, devem muito ao diretor. Se eles usassem um dos
inúmeros takes em que apareço
ridícula, ninguém mais se interessaria por mim como atriz.
GÊNEROS
Quando você pula de um gênero para outro, como eu gosto
de fazer, em filmes que não são
feitos sob medida para mim,
mas sim para eles mesmos, e eu
sou escalada como atriz e preciso descobrir como me virar e
aprender a ser aquele personagem, você aprende muita coisa.
Cada trabalho faz isso -com a
exceção de um ou dois, que foram odiáveis e prefiro não
mencionar. Mostra algo meu
que eu não conhecia ou me faz
desenvolver uma característica
que eu realmente não tinha.
Acho que nunca deixei um set
de filmagem sem aprender alguma coisa, mas é difícil saber
exatamente o quê.
Não fiz e não tenho vontade
de fazer um filme de terror como "Jogos Mortais". Não me
agrada, acho que não gostaria
do processo nem do produto.
Gosto mesmo é de fazer filmes
contemporâneos. Quando me
vejo arrastando um vestidão ultra-apertado na cintura por um
castelo, o que eu já fiz ["Ligações Perigosas", 1988], fico sem
saber por que, exatamente, estou fazendo aquilo. Sou muito
curiosa sobre o que se passa no
mundo agora, como o amor
acontece nos dias de hoje, como a política e a economia interferem nas nossas vidas agora. Só tenho interesse no passado se ele reflete alguma coisa
que estamos vivendo.
INSPIRAÇÃO
Este filme é uma comédia romântica muito fiel ao seu gênero, com uma pequena reviravolta, que é ela ser uma super-heroína. Quando era mais nova,
eu lia muitas HQs, então tinha
um arsenal de informações armazenadas na minha memória
que podia usar como inspiração. Eu e minha família moramos um ano na Índia quando
eu era bem nova e não tínhamos TV, então eu costumava
alugar HQs de uma loja. Por isso sou fã de "X-Men" há muito
tempo. Era apaixonada pelo
Wolverine.
"SUPERPODER" DA FAMA
Nunca me senti assim. Trabalho para diretores que são artistas malucos e para roteiristas que me inspiram. Encontrar bons papéis é quase um milagre. Construí minha carreira
de um modo artesanal, quase
como uma teia de aranha, muito frágil e delicada. Nunca fiz
blockbusters, nunca procurei
esse tipo de filme. Já estive no
topo da lista "A" de Hollywood
e também já estive na "D". Fui e
voltei de uma e de outra não sei
quantas vezes. Sobreviver como atriz é um milagre.
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