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Gelado & batido
Milk-shake ganha novas versões nas lanchonetes de São Paulo; saiba quais são as combinações e os truques para fazer uma bebida cremosa e homogênea
JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL
O princípio é simples: sorvete batido com leite. Essa formulação descomplicada não tira
do milk-shake o mérito de ser
uma das gostosuras mais cobiçadas nas lanchonetes, em pé
de igualdade com hambúrgueres e batatas fritas. Só no site de
relacionamento Orkut, há mais
de cem comunidades dedicadas
a essa bebida criada no final do
século 19 -não exatamente do
jeito como a conhecemos hoje.
"O milk-shake nasceu como
um tônico para doentes. Era
feito com leite, uísque e chocolate", diz Ricardo Maranhão,
professor de história da gastronomia da Anhembi Morumbi.
"Foi em 1889 que começou a se
popularizar nos EUA uma mistura de leite, com calda de chocolate e sorvete."
Menina-dos-olhos de lanchonetes e sorveterias, os milk-shakes de sabores tão tradicionais quanto chocolate e morango hoje dividem espaço com
versões mais sofisticadas (à base de Nutella ou gianduia), outras bem brasileiras (com sorvetes de cupuaçu, castanha-do-pará e graviola) e até com misturas de sabores aparentemente inusitadas, caso da Lanchonete da Cidade, que em setembro incluirá propostas de combinações testadas com a Häagen-Dazs -entre elas, morango
com doce de leite e chocolate
belga com morango.
Mas o que faz a glória ou a
ruína de um milk-shake é, antes de mais nada, sua consistência e homogeneidade. A bebida deve ser extremamente
cremosa e bem misturada.
"A consistência é o grande segredo. O milk-shake tem que
chegar à mesa bem grossinho.
Deve ser batido devagar, mas
direito, de maneira que o sorvete misture com o leite sem ser
"triturado'", diz o chef Sergio
Arno, 45, dono da General Prime Burguer.
Triturar é justamente o que
faz o liquidificador, empregado
nas preparações caseiras de
milk-shake, que, por isso, quase
nunca saem a contento. Quem
não tem batedor de milk-shake
em casa, deve preferir a batedeira ao liquidificador. "É melhor usar a batedeira com uma
haste só e em rotação bem baixa", aconselha Arno.
Porém, a consistência adequada não depende apenas do
tipo de batedor: sorvete de boa
qualidade dá origem a milk-shakes saborosos e espessos.
"O preparo é parecido em todas as casas. O que diferencia é
a combinação de sabores e os
ingredientes, principalmente o
sorvete", diz Ricardo Garrido,
36, sócio-proprietário da Lanchonete da Cidade.
A maioria das hamburguerias paulistanas usa sorvete Kibon. Outras, como a Lanchonete da Cidade, também têm opções com o Rochinha e, a partir
de setembro, com o Häagen-Dazs -marca já servida na General Prime Burger. O que muda, além do sabor, é o preço.
"[Häagen-Dazs] vale o quanto
pesa, quem gosta não liga [de
pagar mais caro]", diz Arno.
Ovomaltine para milhões
Mais popular, a rede Bob's
faz milk-shake com um sorvete
de formulação própria. Criado
em 1959, o de Ovomaltine é um
ícone da marca. "É um produto
que por si só conquistou espaço
na cabeça do consumidor", diz
Flávio Maia, 51, diretor de marketing da empresa. Segundo
ele, 30 milhões de copos são
vendidos por ano.
Outras duas lanchonetes de
São Paulo que trabalham com
sorvete exclusivo em suas bebidas são o Rockets e a Hamburgueria Nacional. "Nosso sorvete é artesanal, não leva gordura
hidrogenada, só creme de leite.
É uma receita da casa", diz Sérgio Nakata, 44, responsável pela cozinha da Hamburgueria.
E o leite? Qual é a proporção
ideal? "O correto é usar bastante sorvete e pouquíssimo leite",
disse Garrido -opinião compartilhada pela maioria dos entrevistados pela Folha. "Procuramos não usar leite. Se for
preciso, entra muito pouco, para não deixar a bebida aguada",
afirma Nakata.
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