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Gil defende "nova atitude" sobre pirataria
Ministro da Cultura diz que "novas demandas de nova sociedade" configuram "equação de muitos termos"
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro da Cultura, Gilberto Gil, afirmou que a venda
em curso de DVDs piratas do
filme brasileiro "Tropa de Elite" antes de sua estréia nos cinemas, prevista para 12/10, expõe "o paradoxo entre o mercado [cultural] e o acesso [do público aos produtos]" e evidencia o fato de que "a realidade relativiza o tempo todo a questão
da propriedade intelectual".
Em entrevista à Folha, o ministro defendeu a revisão "da
lei [sobre propriedade intelectual] no país e das relações entre a indústria e o público",
após "novas e amplas reflexões
a respeito do problema", que
envolve "a pirataria, a flexibilidade da propriedade intelectual e o interesse público".
Gil disse que "seria irresponsabilidade intelectual e política" de sua parte não ver que a
pirataria de "Tropa de Elite",
em particular, e essa prática,
em geral, representa "uma
equação de muitos termos".
"Esse filme não poderia ter
sido pirateado como foi, com
impactos tão graves em sua
economia, se não fosse a possibilidade tecnológica. Isso entra
na equação", afirmou.
Na avaliação do ministro, vivemos um período de "novas
demandas, de uma nova sociedade, de novas possibilidades
tecnológicas" e "esse fenômeno [da pirataria] diz respeito a
isso". O secretário do Audiovisual, Orlando Senna, identifica
"dois aspectos na questão".
O primeiro deles é relativo ao
preço do produto original. Por
serem "muito caros", segundo
o secretário, tornam-se inacessíveis "para camadas sociais
que têm uma fome de acesso a
eles, mas não têm dinheiro para comprá-los".
O segundo "e mais complexo" aspecto apontado por Senna "é o desafio de rever todos
os conceitos e parâmetros que
temos atualmente relacionados ao direito autoral".
O secretário diz que "estamos pensando ainda a partir de
parâmetros que estão deixando
de existir" e acha necessário
haver "um avanço do nosso entendimento de como deve ser o
ressarcimento dos artistas, a
partir desse momento em que
novas tecnologias interferem
fortemente nessa questão".
A "legislação sobre direitos
autorais no Brasil está consolidada na lei 9.610, de 1998. Em
2003, o presidente Lula sancionou a lei 10.695, que prevê penas de três meses a quatro anos
de reclusão para crimes de violação de direitos de autor feitas
com a intenção de obter lucro.
Anteontem, a Delegacia de
Repressão aos Crimes contra a
Propriedade Imaterial, no Rio,
que investiga o caso "Tropa de
Elite", tomou o depoimento de
um suspeito de ter originado a
cópia pirata do filme, a partir
de original encaminhado para
legendagem na empresa em
que ele trabalhava. O suspeito
perdeu o emprego, por "quebra
de confiança", segundo a empresa.
(SILVANA ARANTES)
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