São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2008

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Coleção Folha apresenta Nara Leão, musa da bossa

Vida da cantora é tema do livro-CD que chega às bancas no próximo domingo

Diz a lenda que a bossa nova teria surgido nas reuniões diárias no apartamento da família Leão, no bairro carioca de Copacabana


DA REPORTAGEM LOCAL

Conhecida como a musa da bossa nova, ela foi também uma das críticas mais agudas desse estilo musical. A vida e a obra da cantora e violonista Nara Leão (1942-1989) são focalizadas no sexto livro-CD da Coleção Folha 50 Anos de Bossa Nova, que chega às lojas no próximo domingo, dia 7.
Nara é personagem central de um dos mitos mais saborosos da história da música brasileira. Diz essa lenda, ainda hoje mais propagada do que propriamente negada, que a bossa nova teria surgido nas reuniões diárias que aconteciam no confortável apartamento da família Leão, no bairro carioca de Copacabana, na segunda metade da década de 50.
Conta-se que, embora o mestre João Gilberto quase não tenha freqüentado esses encontros musicais, outros adeptos e agitadores da bossa nova, como o letrista Ronaldo Bôscoli (que se tornou namorado de Nara), os violonistas Roberto Menescal, Carlos Lyra e Chico Feitosa, ou os pianistas Luiz Eça e Luiz Carlos Vinhas, participavam desses encontros.
Ter convivido desde a adolescência, diariamente, com a batida moderna e o canto suave da bossa nova, não impediu que Nara se afastasse dessa música por cerca de uma década. Em 1961, ao saber que Bôscoli a traiu com a cantora Maysa, Nara rompeu não só com o namorado, mas também com Menescal e outros amigos do círculo bossa-novista, decretando assim o fim das lendárias reuniões musicais.
"Chega de bossa nova. Chega de cantar para dois ou três intelectuais uma musiquinha de apartamento", ela declarou à imprensa, em 1964, depois de lançar o álbum "Opinião de Nara" (Philips), com sambas de morro de Zé Kéti e canções de protesto de Sérgio Ricardo e João do Vale. Por essas e outras, nessa época chegaram até a chamá-la de "traidora da bossa nova".
A reconciliação demorou, mas se deu em grande estilo. Em 1971, a cantora gravou em Paris um álbum duplo dedicado à bossa nova, intitulado "Dez Anos Depois" (Philips), no qual interpretou sucessos de Tom Jobim, Carlos Lyra, Baden Powell e Johnny Alf. Mesmo rejeitando o título de musa da bossa, Nara não agüentou ficar longe da música que praticamente viu nascer.


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