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MAC vai "conviver" com novo espaço
Diretor Tadeu Chiarelli diz que museu precisará se adaptar a um edifício com "peculiaridades de sua época"
Pé-direito baixo demais nos espaços expositivos obrigará MAC a expor grandes instalações em anexo atrás do prédio
Divulgação
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OSCAR NIEMEYER Projeto de reforma do arquiteto vetado pela defesa do patrimônio histórico, que decidiu preservar seu desenho original de 1951
DE SÃO PAULO
Num galpão aos pés do antigo Detran, Tadeu Chiarelli
observa os operários que trabalham para transformar a
repartição pública numa nova casa para o Museu de Arte
Contemporânea da USP.
Desde que assumiu a direção do MAC, em abril, ele vai
toda semana ao canteiro de
obras para estudar o espaço.
"É um edifício que tem características peculiares da
época em que foi feito, e o
museu precisa saber conviver com elas", diz Chiarelli.
"Mas essa é uma obra do Niemeyer em sua melhor fase."
Melhor ou não, o antigo
Palácio da Agricultura, erguido a poucas quadras do
pavilhão da Bienal, nunca foi
pensado para ser um museu.
Seus andares com pé-direito de três metros e meio, as
tais "características peculiares", não são o ideal para um
museu de arte contemporânea, que exige espaços flexíveis para obras que podem
extrapolar essas dimensões.
Quando soube da mudança do MAC para lá, Niemeyer
sugeriu alterações no prédio.
Ele queria cobrir a fachada
de vidro para controlar a luminosidade nos espaços expositivos e fazer uma rampa
externa para melhorar a circulação entre as galerias. Pavimentos seriam demolidos,
dando lugar a dois novos andares com pé-direito duplo.
Croquis do arquiteto, que
estendiam a linguagem já
usada no vizinho Auditório
Ibirapuera, chegaram a circular com alarde há dois
anos, quando foi anunciada
a saída do museu da USP.
Isso até que o Conpresp,
órgão de defesa do patrimônio, vetou as ideias, preservando o Niemeyer de 1951 em
detrimento do atual -diferença que, no orçamento,
significou uma economia de
R$ 66 milhões à Secretaria de
Estado da Cultura, responsável pela mudança do MAC.
MUDANÇA COSMÉTICA
Planos do arquiteto foram
descartados e em dezembro
deste ano, 18 meses depois
do previsto, o MAC vai para o
antigo Detran, que passou
por reforma de ordem mais
cosmética que estrutural.
Nada muda do lado de fora, a não ser a instalação de
duas escadas de emergência
atrás do prédio. Dentro, paredes foram removidas, criando andares idênticos divididos entre uma grande sala
expositiva e outra menor.
Uma mostra permanente
do acervo nas salas maiores
vai ilustrar um percurso histórico, das obras mais antigas às mais recentes. Nas salas menores, artistas mais
bem representados na coleção, como Di Cavalcanti e
León Ferrari, terão recortes
individuais de suas obras.
Dois andares ficarão reservados para exposições temporárias de artistas contemporâneos, formando um diálogo com o acervo permanente. Na mostra inaugural
do espaço, estarão obras da
fotógrafa Sofia Borges e do
coletivo Pino, entre outros.
"De alguma maneira, a
presença de artistas jovens
no MAC foi menos intensa",
admite Chiarelli. "Gostaria
de ver mais artistas ali, tem
coisas a serem absorvidas."
ANEXO
Mas nem tudo cabe no prédio principal. Obras maiores
vão para o anexo do museu,
um galpão que ficava atrás
do Detran, única parte do espaço com pé-direito duplo.
Na abertura do MAC, uma
grande instalação de Carlito
Carvalhosa, com cerca de 60
postes de luz atravessados
pela galeria, vai ocupar o
anexo. Fotografias de Mauro
Restiffe, que documentou toda a reforma do espaço, ficarão no mezanino.
(SILAS MARTÍ)
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