São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2006

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Tim Festival

Noite foi de rappers e Caetano

Beastie Boys e DJ Shadow foram os destaques do domingo, que teve cantor brasileiro como atração

A edição de 2006 do festival, que ocupa quatro cidades e termina hoje em Curitiba, atraiu público de 40 mil pessoas, com 32 mil no Rio

DOS ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

Já era quase manhã de segunda-feira quando Caetano Veloso encerrou o último show da quarta edição do Tim Festival, no Rio de Janeiro. Durante três dias, cerca de 32 mil pessoas passaram pela Marina da Glória, onde, em quatro palcos, apresentaram-se 32 atrações.
Outros 8.000 espectadores estiveram nos espetáculos promovidos, também neste fim de semana, em São Paulo e Vitória -o festival só termina hoje, em Curitiba.
A política deu o tom do evento, com destaque para o discurso engajado da cantora Patti Smith e o público lembrando que ontem foi dia de eleição, usando camisetas com as frases "Lula Sim" e "Lula Não".
A principal novidade de 2006, a mudança do Museu de Arte Moderna para a Marina da Glória, foi aprovada pelo público, que elogiou a estrutura e a ampliação do espaço.

Domingo de rap
Caetano Veloso era a prata da casa do último dia de festival no Rio, que teve como destaque as grandes performances dos rappers do Beastie Boys e do DJ Shadow, ambos no Tim Stage.
Shadow entrou primeiro, promovendo uma viagem sinestésica em que cenas projetadas num telão se desdobravam conforme ele desconstruía batidas de funk, rap e rock. O produtor norte-americano é hoje um dos nomes mais importantes do hip hop, responsável por renovar ao acrescentar diferentes ritmos a ele.
Simpático e falador, Shadow mostrou no Rio toda sua habilidade nos toca-discos, alternando-se entre eles e as baterias eletrônicas.
No set list, entraram faixas dos discos "Endtroducin" e "Private Press" e, para apresentar músicas do novo, "Outsider", Shadow convidou o também americano MC Lateef.
Na seqüência, os Beastie Boys incitaram uma quebradeira entre o público, que mais parecia estar numa apresentação de rock. Vestidos de terno e gravata, os MCs Ad Rock, MCA e Mike D se revezavam nos microfones, enquanto o habilidoso DJ Mixmaster Mike mostrava que sabia tocar até com os cotovelos.
Pulando de um lado para o outro, os MCs mostraram cerca de 20 músicas, como os hits "Brass Monkey", "Ch-check it Out" e "No Sleep Till" Brooklin". Muitas delas foram tocadas com bases diferentes das originais, em versões mais lentas e "sujas".
Como é de praxe, no bis os Beastie Boys voltaram como banda de rock, com baixo, guitarra e bateria (além do DJ), encerrando com a clássica "Sabotage".

Caetano
Em sua noite mais diversificada, o palco Lab recebeu os jazzistas do The Bad Plus, o trio norte-americano Black Dice e Caetano Veloso.
Caetano, atração incluída no festival de última hora, apresentou músicas de seu mais recente disco, "Cê". Eram 3h quando o eler iniciou seu show (que teve, com pouco mais de mil pessoas, o maior público do palco), vestindo jaqueta, calça jeans e camiseta.
É o Caetano em sua recém-lançada fase roqueira. Com o apoio de uma jovem e competente banda, o cantor e compositor emula sonoridade do rock indie norte-americano, como Wilco, em canções agitadas como "Rocks", "Odeio" e "Homem".
Mas nem tudo é rock na nova fase do compositor, como mostrou a apresentação de "Herói", que está no novo CD, mais declamada do que cantada. No bis, Caetano voltou e mostrou canções antigas como "You Don't Know Me" e "Mora na Filosofia"/"Nine Out of Ten". (ADRIANA FERREIRA SILVA, BRUNO YUTAKA SAITO E THIAGO NEY)


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