|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Foco
Cinéfilos veteranos e estreantes transformam fila em local de debates
DA REPORTAGEM LOCAL
A Mostra de São Paulo tem
um endereço oficial para debates-o Clube da Mostra,
que tem registrado volume de
público irregular, conforme o
tema e o horário da discussão.
Mas há um outro endereço
onde a troca de idéias em torno dos 467 títulos em exibição nunca arrefece -as filas
de entrada nos cinemas.
Nômade por natureza, essa
forma de "debate" esquentou
na tarde do último domingo,
no saguão do Cinesesc, entre
os que espectadores de "Tabu" (1931), de F. W. Murnau,
com acompanhamento ao vivo do piano de Paulo Braga.
Os 20 minutos de atraso no
início da sessão favoreceram
a concentração de público e
de "tribos", desde os cinéfilos
veteranos até os iniciantes no
perfil de filmes da Mostra.
Frustrado, um espectador
descrevia à noiva o título que
o decepcionara: "Tem uma
cena em que ele filma o menino tirando o papel da bala. Fica uns dez minutos assim, tirando o papel da bala. Uma
bala!!!" Conclui que, com
"atores amadores", o filme resultava "muito pobre!".
A Mostra e seus filmes são o
assunto único da fila, em que
os cinéfilos também combinam as próximas sessões ou
trocam notícias sobre o setor.
"Silvio Da-Rin foi indicado
secretário do Audiovisual",
dizia um espectador, ao lado
de outra que, celular e guia de
programação nas mãos,
anunciava ao interlocutor seu
próximo filme: "Acompanha
um grupo de crianças órfãs da
África do Sul, que usam a música para contrabalançar a vida dura que levam. Se você resolver ir, me avisa".
As opiniões dos cinéfilos
variam muito. O modo como
se iniciam os debates, não.
Findo "Tabu", a jovem avista
o rosto conhecido. "Professor
Araújo! Gostou?" Ele responde: "Bacana, né? Eu tinha visto há 50 anos, quando estava
na universidade no Rio Grande do Sul". Espanto da jovem:
"Nooooossa!".
(SA)
Texto Anterior: 31ª Mostra de SP - Crítica: "Dol" retrata conflito com a Turquia sob rara perspectiva curda Próximo Texto: Mônica Bergamo Índice
|