São Paulo, quarta-feira, 31 de outubro de 2007

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Foco

Cinéfilos veteranos e estreantes transformam fila em local de debates

DA REPORTAGEM LOCAL

A Mostra de São Paulo tem um endereço oficial para debates-o Clube da Mostra, que tem registrado volume de público irregular, conforme o tema e o horário da discussão.
Mas há um outro endereço onde a troca de idéias em torno dos 467 títulos em exibição nunca arrefece -as filas de entrada nos cinemas.
Nômade por natureza, essa forma de "debate" esquentou na tarde do último domingo, no saguão do Cinesesc, entre os que espectadores de "Tabu" (1931), de F. W. Murnau, com acompanhamento ao vivo do piano de Paulo Braga.
Os 20 minutos de atraso no início da sessão favoreceram a concentração de público e de "tribos", desde os cinéfilos veteranos até os iniciantes no perfil de filmes da Mostra.
Frustrado, um espectador descrevia à noiva o título que o decepcionara: "Tem uma cena em que ele filma o menino tirando o papel da bala. Fica uns dez minutos assim, tirando o papel da bala. Uma bala!!!" Conclui que, com "atores amadores", o filme resultava "muito pobre!".
A Mostra e seus filmes são o assunto único da fila, em que os cinéfilos também combinam as próximas sessões ou trocam notícias sobre o setor.
"Silvio Da-Rin foi indicado secretário do Audiovisual", dizia um espectador, ao lado de outra que, celular e guia de programação nas mãos, anunciava ao interlocutor seu próximo filme: "Acompanha um grupo de crianças órfãs da África do Sul, que usam a música para contrabalançar a vida dura que levam. Se você resolver ir, me avisa".
As opiniões dos cinéfilos variam muito. O modo como se iniciam os debates, não. Findo "Tabu", a jovem avista o rosto conhecido. "Professor Araújo! Gostou?" Ele responde: "Bacana, né? Eu tinha visto há 50 anos, quando estava na universidade no Rio Grande do Sul". Espanto da jovem: "Nooooossa!". (SA)


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