São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 2011

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Pesquisa de 'preços culturais' tem distorções

Levantamento apresentado pelo Ministério da Cultura indica valores médios de 255 itens da produção artística

Segundo produtores, parte dos dados não bate com a realidade; estudo da FGV orientará formatação de projetos

AMANDA QUEIRÓS
DE SÃO PAULO

Um estudo elaborado pela Fundação Getúlio Vargas e apresentado na semana passada pelo Ministério da Cultura levantou o preço médio de 255 itens de produção artística, como aluguel de equipamentos e cachês.
O objetivo é balizar produtores na hora de formatar projetos que pleiteiam recursos de leis de incentivo fiscal e orientar quem os avalia.
Os valores apontados, no entanto, vêm sendo questionados. "Em termos do audiovisual, é patético, não condiz com minha área de longas-metragens e TV", afirma Mariza Leão, produtora do filme "Meu Nome Não É Johnny".
Para Cintia Maria de Almeida, da empresa Manufatura da Cultura, o custo estimado em relação à locação de equipamentos também derrapa. "Eles apontam a diária de uma mesa de luz de 24 canais por R$ 194, mas não consigo por menos do que R$ 600."
Outro fato que chama a atenção é a discrepância entre os preços praticados nas seis cidades pesquisadas (São Paulo, Rio, Brasília, Porto Alegre, Recife e Belém). Há casos em que o custo do aluguel de equipamentos no Norte e Nordeste é o dobro daquele observado no Sudeste.
Segundo Ney Piacentini, presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, os valores para a produção teatral não são inverossímeis. "Adotar como indicativo é que é perigoso, até porque esses são valores brutos. Quando se colocam os tributos, isso cai quase pela metade", disse.
O secretário de Fomento e Incentivo à Cultura do MinC, Henilton Menezes, admite equívocos na pesquisa. "Vamos retroalimentar a FGV com o que identificarmos como distorções, e ela também vai atualizar os dados a cada mês, por dois anos", afirma.
De acordo com ele, a ideia não é engessar os projetos, mas criar um parâmetro inexistente até então. "Havia queixas de que valores eram cortados porque estavam fora do mercado, mas não havia esse indicativo", diz.
Isso não impede que valores acima desses sejam aprovados, desde que haja justificativa no orçamento, como a previsão do cachê de um artista reconhecido.


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