São Paulo, quarta, 31 de dezembro de 1997.




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Fim do 'TJ Brasil' anuncia o novo SBT de Silvio Santos


Última edição do telejornal mais prestigiado da emissora deve ir ao ar hoje; extinção do programa, que será substituído por "Chaves", dá a largada para as mudanças radicais que o empresário fará em 98


DANIEL CASTRO
da Reportagem Local

CRISTINA PADIGLIONE
Colunista da Folha

Com o fim do "TJ Brasil", cuja última edição deve ir ao ar hoje às 18h30, o empresário Silvio Santos acelera a transformação mais radical já ocorrida no SBT, desde que a rede foi criada, há 16 anos.
Silvio Santos, que desde agosto deste ano assumiu totalmente o controle da emissora, está promovendo uma profunda mundança na estrutura administrativa e na programação do SBT.
Em 98, o empresário deve dar a sua "cara" ao SBT, ou seja, mais shows, mais programas de auditório e mais dramalhões -em detrimento do jornalismo e do esporte (veja as alterações cotadas para 98 em quadro ao lado).
O "TJ", no ar desde 1988 e um dos programas com intervalo comercial mais caro do SBT, deixa de ser exibido a partir de amanhã. No lugar, provisoriamente até sábado, entra "Chaves".
A extinção do "TJ", segundo a Folha apurou, foi decidida por Silvio Santos na última sexta-feira. O empresário, que adiou um cruzeiro, está em SP neste período de festas. Inclusive, grava novos pilotos para seu programa dominical.
Oficialmente, a emissora não se pronunciou sobre o fim do telejornal. Apenas divulgou alterações em sua grade de programação, como é chamada a relação de programas e respectivos horários.
O "TJ" simplesmente some da grade. A programação da próxima semana só deve ser divulgada nesta sexta. O próprio Silvio Santos estudava as mudanças ontem.
No SBT, funcionários especulavam que o "Jornal do SBT", produzido nos estúdios da CBS-Telenotícias, em Miami, atualmente exibido por volta de 0h30, poderia ocupar a vaga do telejornal a partir de segunda.
Até ontem, nenhum profissional do "TJ Brasil" havia sido demitido. Comentava-se que todos seriam integrados ao "SBT Repórter", como ocorreu com o apresentador Hermano Henning, e aos boletins "Notícias da Última Hora", que devem ser reforçados a partir de segunda-feira.
Funcionários do departamento de jornalismo da emissora, que souberam extra-oficialmente do fim do "TJ" anteontem, têm a expectativa de que o telejornal volte em março, quando Silvio Santos deve promover uma reforma geral na programação do SBT, incluindo telejornais regionais (produzidos pelas afiliadas).
O prestigiado "TJ Brasil" começou a entrar "na corda bamba" quando o âncora Boris Casoy deixou o telejornal em junho -foi para a Rede Record.
Hermano Henning, que substituiu Casoy, praticamente conseguiu manter a audiência do "TJ". A audiência nacional caiu apenas um ponto -de 8 em junho para 7 em julho.
Mas, em agosto, Silvio Santos mudou o horário do "TJ" das 19h30 para as 18h30 e a audiência não resistiu. Em outubro, a média nacional despencou para 4 pontos. Cada ponto equivale a 410 mil telespectadores em nove regiões metropolitanas.

Faturamento
De todos os programas da casa, um anúncio no horário do "TJ" só não valia mais, segundo a tabela comercial do SBT, que um anúncio veiculado nos intervalos do "Programa Silvio Santos".
Pela tabela já distribuída ao mercado publicitário -que seria válida até março-, 30 segundos de propaganda no horário do "TJ", em rede nacional, custariam R$ 27,4 mil.
O seriado "Chaves' deve dobrar a audiência do horário. Reprisado à exaustão, o mexicano continua superando a média de 10 pontos na faixa das 13h, quando o número de televisores ligados é bem inferior ao das 18h30.
Mas, ao trocar o "TJ" pelo humorístico, o SBT será obrigado a reduzir em pelo menos 50% os preços cobrados para se anunciar no horário.
O raciocínio é simples: na média geral, o poder aquisitivo do público que engorda a audiência do SBT para assistir "Chaves" é fatalmente bem inferior ao da seleta platéia de um "TJ Brasil".

Ebulição
O "novo SBT" que se esboça na prancheta de Silvio Santos e de seus três assessores norte-americanos (Rick Medeiros, Bob Morse e Albert Lewittin), deve ser ainda mais mexicano e apostar mais em entretenimento.
A reação neste sentido começou em 97, com os novos programas "Márcia" e "Fantasia". O primeiro, que estreou em julho, é um dos maiores sucessos do SBT e alavancou a audiência noturna da emissora. O segundo estreou em dezembro e, nos primeiros dias, congestionou as linhas telefônicas de São Paulo.
O sucesso de "Fantasia" foi tão grande que Silvio Santos decidiu no dia de sua estréia extinguir o telejornal "Aqui Agora", para dar mais meia hora ao programa.



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