São Paulo, terça-feira, 31 de dezembro de 2002

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POLÍTICA CULTURAL

Nomeada ontem, Cláudia Costin é mestre em economia e nunca trabalhou diretamente com a área

Secretária quer equilibrar público e privado

Patrícia Santos/Folha Imagem
Cláudia Costin, que será a nova secretária da Cultura de SP


LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL


A secretaria da Cultura de São Paulo passa, a partir de janeiro, às mãos de Cláudia Costin, 46. Ela substitui Marcos Mendonça, que estava no cargo desde 1995.
Mestre em economia, ex-ministra da Administração Federal e Reforma do Estado, ela não tem em seu currículo um trabalho diretamente ligado à área cultural.
Nos bastidores políticos, especula-se que o governador Geraldo Alckmin a tenha escolhido por duas razões: 1) dar uma cara de ministério a seu secretariado, de olho nas eleições presidenciais de 2006; 2) fazer uma reforma radical na administração da secretaria. Leia abaixo entrevista que Costin deu ontem, à Folha.

Folha - Por que a sra. acha que foi escolhida, apesar de não ter em seu currículo nenhum trabalho diretamente ligado à área da cultura?
Cláudia Costin -
Tenho trabalhado há bastante tempo com a questão da gestão pública para o combate à pobreza. E uma das formas mais importantes de combate à pobreza e especialmente à violência é a política cultural.

Folha - A sra. pretende fazer uma reformulação no modelo de investimento na cultura de São Paulo?
Costin -
Um dos mecanismos mais interessantes de promoção da cultura é não achar que o Estado tem que fazer tudo. É até bastante perigoso ter o Estado como dirigente da cultura. Essa é uma área muito sensível a patrulhas ideológicas. A parceria público-privado é importante por conta de financiamento e por uma questão ideológica, de se garantir que não é só o Estado que deve ditar como será a cultura.

Folha - Mas deixar essa função só com as empresas não é um risco de que só o mercado dite as regras?
Costin -
Exatamente. Esse outro extremo é tão ruim quanto o primeiro. Nem sempre a iniciativa privada tem interesse em investir em coisas menos glamourosas. Existe um financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento que será usado para fábricas da cultura, que levarão a cultura às áreas mais sujeitas a violência. É o tom que vou tentar dar.

Folha - Como é possível equilibrar investimentos públicos e privados?
Costin -
Há várias formas. Uma delas é um sistema americano em que o setor público investe o mesmo montante que se conseguir em doações. É um estímulo às doações. Para cada real que o setor privado coloca na cultura, o setor público coloca mais um. Aí se consegue um crescimento das verbas públicas e privadas.

Folha - Quais são seus primeiros planos para a secretaria?
Costin -
O governo avançou muito com o Poupatempo. E essa filosofia tem que permear todas as secretarias. Temos que avançar muito na questão de venda de tíquetes pela internet, ter quiosques espalhados pela cidade. Descobri que a Sala São Paulo não vende ingressos para a Pinacoteca. É tudo muito estanque. Temos que pensar em uma estratificação da política cultural não por temas, como dança, teatro, cinema, mas por faixa etária: a melhor política para a terceira idade, para as crianças...

Folha - Qual é a sua ligação pessoal com a cultura?
Costin -
Tenho uma biblioteca de 4.000 volumes. Gosto de cinema. O último filme que vi foi a comédia "Casamento Grego". Seria mais chique dizer que foi "Cidade de Deus" (risos), que vi e achei fabuloso. Mas não foi o último.



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