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POLÍTICA CULTURAL
Nomeada ontem, Cláudia Costin é mestre em economia e nunca trabalhou diretamente com a área
Secretária quer equilibrar público e privado
Patrícia Santos/Folha Imagem
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Cláudia Costin, que será a nova secretária da Cultura de SP |
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A secretaria da Cultura de São
Paulo passa, a partir de janeiro, às
mãos de Cláudia Costin, 46. Ela
substitui Marcos Mendonça, que
estava no cargo desde 1995.
Mestre em economia, ex-ministra da Administração Federal e
Reforma do Estado, ela não tem
em seu currículo um trabalho diretamente ligado à área cultural.
Nos bastidores políticos, especula-se que o governador Geraldo
Alckmin a tenha escolhido por
duas razões: 1) dar uma cara de
ministério a seu secretariado, de
olho nas eleições presidenciais de
2006; 2) fazer uma reforma radical na administração da secretaria. Leia abaixo entrevista que
Costin deu ontem, à Folha.
Folha - Por que a sra. acha que foi
escolhida, apesar de não ter em seu
currículo nenhum trabalho diretamente ligado à área da cultura?
Cláudia Costin - Tenho trabalhado há bastante tempo com a questão da gestão pública para o combate à pobreza. E uma das formas
mais importantes de combate à
pobreza e especialmente à violência é a política cultural.
Folha - A sra. pretende fazer uma
reformulação no modelo de investimento na cultura de São Paulo?
Costin - Um dos mecanismos
mais interessantes de promoção
da cultura é não achar que o Estado tem que fazer tudo. É até bastante perigoso ter o Estado como
dirigente da cultura. Essa é uma
área muito sensível a patrulhas
ideológicas. A parceria público-privado é importante por conta
de financiamento e por uma
questão ideológica, de se garantir
que não é só o Estado que deve ditar como será a cultura.
Folha - Mas deixar essa função só
com as empresas não é um risco de
que só o mercado dite as regras?
Costin - Exatamente. Esse outro
extremo é tão ruim quanto o primeiro. Nem sempre a iniciativa
privada tem interesse em investir
em coisas menos glamourosas.
Existe um financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento que será usado para fábricas da cultura, que levarão a cultura às áreas mais sujeitas a violência. É o tom que vou tentar dar.
Folha - Como é possível equilibrar
investimentos públicos e privados?
Costin - Há várias formas. Uma
delas é um sistema americano em
que o setor público investe o mesmo montante que se conseguir
em doações. É um estímulo às
doações. Para cada real que o setor privado coloca na cultura, o
setor público coloca mais um. Aí
se consegue um crescimento das
verbas públicas e privadas.
Folha - Quais são seus primeiros
planos para a secretaria?
Costin - O governo avançou
muito com o Poupatempo. E essa
filosofia tem que permear todas as
secretarias. Temos que avançar
muito na questão de venda de tíquetes pela internet, ter quiosques
espalhados pela cidade. Descobri
que a Sala São Paulo não vende ingressos para a Pinacoteca. É tudo
muito estanque. Temos que pensar em uma estratificação da política cultural não por temas, como
dança, teatro, cinema, mas por
faixa etária: a melhor política para
a terceira idade, para as crianças...
Folha - Qual é a sua ligação pessoal com a cultura?
Costin - Tenho uma biblioteca
de 4.000 volumes. Gosto de cinema. O último filme que vi foi a comédia "Casamento Grego". Seria
mais chique dizer que foi "Cidade
de Deus" (risos), que vi e achei fabuloso. Mas não foi o último.
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