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ARTES PLÁSTICAS
Tonico Lemos Auad foi um dos dez selecionados para o prêmio Beck's Future, que revela jovens talentos
Brasileiro concorre na vanguarda britânica
MARIA LUIZA ABBOTT
DE LONDRES
Desenhos em bananas e esculturas com pêlo de carpete garantiram ao brasileiro Tonico Lemos
Auad, 35, um lugar no restrito
grupo de dez artistas selecionados
para o prêmio Beck's Futures, do
Institute of Contemporary Arts
(ICA) de Londres. Na sua quarta
edição, o Beck's Futures é uma
resposta do ICA ao Turner Prize
da Tate Modern e se propõe a revelar jovens talentos que trabalham no Reino Unido, já se destacam no meio artístico, mas não
foram descobertos pelo público.
Com uma distribuição de prêmios nos valor de 65 mil libras
(cerca de R$ 325 mil), o Beck's Futures é também o mais generoso
dos concursos de artes plásticas
do Reino Unido. Trabalhos de
Auad e de outros nove estarão em
exposição no ICA de 26 de março
a 16 de maio. Cada um dos artistas
já ganhou 4 mil libras (cerca de R$
20 mil) e o vencedor, a ser escolhido em abril, receberá mais 20 mil
libras (cerca de R$ 100 mil).
Os artistas que chegaram a essa
primeira fase do Beck's Futures
foram selecionados por um júri
internacional de curadores e artistas. "Nos últimos 15 anos, o
Reino Unido tem criado o rumo
para o cenário artístico internacional. O Beck's Future vai continuar essa "vibe" para o futuro",
disse Klaus Biesenbach, curador-chefe do PS1 do MoMA e um dos
jurados.
Entre os 200 candidatos, todos
morando em Londres, foram escolhidos artistas da Holanda, Turquia, Bulgária, da Inglaterra e da
Escócia, além do brasileiro. Nascido em Belém, no Pará, Auad se
formou em arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da USP, e em 1998 ganhou uma
bolsa de estudos da Capes para fazer um mestrado em artes plásticas no Goldsmith College, em
Londres. Em 2001, terminado o
mestrado, Auad foi convidado
para fazer residência e desenvolver seu trabalho, ganhando um
ateliê, na Gasworks Gallery, uma
galeria de artes em Londres que
investe em artistas estrangeiros
que moram no Reino Unido.
Os desenhos em banana são
uma manifestação bem-humorada e nasceram por acaso ainda
quando Auad estava no mestrado. São feitos com agulha e vão
surgindo na medida em que a fruta vai se oxidando.
"Meus trabalhos sempre são ligados à observações mais sutis do
cotidiano", contou ele à Folha.
"Vi no supermercado em Londres um aviso em que as frutas deviam ser manuseadas com cuidado, porque poderiam ser machucadas facilmente. Percebi que dava para controlar esse processo."
Auad tem obras na galeria Luisa
Strina, em São Paulo, onde fez
uma exposição individual no início deste ano. Na semana passada,
abriu uma individual no Dublin
Project Arts Centre, na Irlanda,
que vai até 20 de janeiro. Neste
ano, também expôs na VTO Gallery, em Londres, no ano passado, na Galerie Wieland, em Berlim, e também participou de feiras na Itália, Alemanha e Suíça.
Ter sido escolhido como um
dos dez premiados do Beck's Future, para ele, dá visibilidade nova
a sua carreira, graças ao número
de visitantes que irão à mostra no
ICA e à cobertura da mídia. Afinal, o Beck's é descrito pela crítica
londrina como o "prêmio de artes
mais quente que anda por aí".
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