UOL


São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ARTES PLÁSTICAS

Tonico Lemos Auad foi um dos dez selecionados para o prêmio Beck's Future, que revela jovens talentos

Brasileiro concorre na vanguarda britânica

MARIA LUIZA ABBOTT
DE LONDRES

Desenhos em bananas e esculturas com pêlo de carpete garantiram ao brasileiro Tonico Lemos Auad, 35, um lugar no restrito grupo de dez artistas selecionados para o prêmio Beck's Futures, do Institute of Contemporary Arts (ICA) de Londres. Na sua quarta edição, o Beck's Futures é uma resposta do ICA ao Turner Prize da Tate Modern e se propõe a revelar jovens talentos que trabalham no Reino Unido, já se destacam no meio artístico, mas não foram descobertos pelo público.
Com uma distribuição de prêmios nos valor de 65 mil libras (cerca de R$ 325 mil), o Beck's Futures é também o mais generoso dos concursos de artes plásticas do Reino Unido. Trabalhos de Auad e de outros nove estarão em exposição no ICA de 26 de março a 16 de maio. Cada um dos artistas já ganhou 4 mil libras (cerca de R$ 20 mil) e o vencedor, a ser escolhido em abril, receberá mais 20 mil libras (cerca de R$ 100 mil).
Os artistas que chegaram a essa primeira fase do Beck's Futures foram selecionados por um júri internacional de curadores e artistas. "Nos últimos 15 anos, o Reino Unido tem criado o rumo para o cenário artístico internacional. O Beck's Future vai continuar essa "vibe" para o futuro", disse Klaus Biesenbach, curador-chefe do PS1 do MoMA e um dos jurados.
Entre os 200 candidatos, todos morando em Londres, foram escolhidos artistas da Holanda, Turquia, Bulgária, da Inglaterra e da Escócia, além do brasileiro. Nascido em Belém, no Pará, Auad se formou em arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, e em 1998 ganhou uma bolsa de estudos da Capes para fazer um mestrado em artes plásticas no Goldsmith College, em Londres. Em 2001, terminado o mestrado, Auad foi convidado para fazer residência e desenvolver seu trabalho, ganhando um ateliê, na Gasworks Gallery, uma galeria de artes em Londres que investe em artistas estrangeiros que moram no Reino Unido.
Os desenhos em banana são uma manifestação bem-humorada e nasceram por acaso ainda quando Auad estava no mestrado. São feitos com agulha e vão surgindo na medida em que a fruta vai se oxidando.
"Meus trabalhos sempre são ligados à observações mais sutis do cotidiano", contou ele à Folha. "Vi no supermercado em Londres um aviso em que as frutas deviam ser manuseadas com cuidado, porque poderiam ser machucadas facilmente. Percebi que dava para controlar esse processo."
Auad tem obras na galeria Luisa Strina, em São Paulo, onde fez uma exposição individual no início deste ano. Na semana passada, abriu uma individual no Dublin Project Arts Centre, na Irlanda, que vai até 20 de janeiro. Neste ano, também expôs na VTO Gallery, em Londres, no ano passado, na Galerie Wieland, em Berlim, e também participou de feiras na Itália, Alemanha e Suíça.
Ter sido escolhido como um dos dez premiados do Beck's Future, para ele, dá visibilidade nova a sua carreira, graças ao número de visitantes que irão à mostra no ICA e à cobertura da mídia. Afinal, o Beck's é descrito pela crítica londrina como o "prêmio de artes mais quente que anda por aí".

Texto Anterior: "Rock in Rio é a Copa do Mundo do pop"
Próximo Texto: Fim de ano: Réveillon apresenta atrações requentadas
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.