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Vinil salva lojas em tempos de pirataria
Enquanto a venda de CDs cai, saudosistas, colecionadores e DJs vão atrás da bolacha preta, que custa de R$ 2 a R$ 70
Nos EUA, a venda de LPs cresceu 35% de 2008 para 2009; EMI lança discografia do Legião no formato e Sony também investe no filão
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Seria exagero dizer que o vinil vai tirar a indústria fonográfica do buraco, mas dá para afirmar que a bolacha preta está
salvando o mês de boa parte
dos lojistas de São Paulo.
Veja, por exemplo, a Baratos
Afins, que há 31 anos é um dos
principais destinos paulistanos
para quem quer conhecer e
comprar música: "Hoje 80% do
meu faturamento vem das vendas de vinil", afirma Luiz Calanca, o proprietário da loja.
"Estou me sustentando porque sempre tive um acervo
grande de vinil. Está muito difícil vender CD", aponta.
A situação é parecida na tradicional Ventania Discos.
"Também vendemos CDs, mas
é menos importante. O que faz
girar a nossa receita é a venda
de vinil", diz Alcides Campos.
Impossibilitados de competir com os CDs piratas e com os
download gratuitos, lojistas se
apoiam no fetiche, no saudosismo e na curiosidade suscitados
pelos LPs.
"O CD perdeu o glamour",
opina Calanca. "Recebo uma
parcela de clientes jovens. Mas
a maioria são colecionadores e
DJs. Eles compram bastante
coisa de rock e de black music",
diz Carlos Galdy, da Disco 7.
"Muita gente começou a ouvir vinil de quatro, cinco anos
para cá e passou a procurar discos nesse formato. Há os curiosos e há aqueles mais velhos, os
saudosistas dos anos 1970 e
1980", brinca Alcides, que completará 25 anos com sua Ventania em 2010.
Legião Urbana
O preço de um vinil nas lojas
varia de R$ 2 (um usado em estado não muito bom) a R$ 70
(um importado novo).
"O vinil é item complementar, não é o centro das atenções", diz Rodrigo de Castro,
gestor de acervo de música da
Livraria Cultura. Ele afirma
que discos de Amy Winehouse
("Back to Black") e Radiohead
("In Rainbows) foram os campeões de venda da loja no ano
-200 cópias cada um. "Para
nós, é um bom negócio, porque
ocupa pouca estrutura e traz
um faturamento razoável."
Não é apenas no Brasil que
esse nicho está sendo resgatado. Nos Estados Unidos, as vendas de vinil subiram 35% em
2009 em relação a 2008 -até
novembro, foram vendidos 2,1
milhões de LPs no país.
A EMI lançará no formato,
em 2010, toda a discografia da
Legião Urbana. Já a Sony colocou nas lojas a série "Meu Primeiro Disco", com LPs de gente
como João Bosco e Chico
Science & Nação Zumbi. Com a
reabertura da fábrica de vinil
de Belford Roxo (leia texto ao
lado), outras gravadoras, como
a Som Livre, devem preparar
lançamentos.
"O vinil não vai mais ter um
mercado muito grande", diz
Leonardo Ganem, presidente
da Som Livre. "Mas vamos fazer investimentos pontuais
nesse setor."
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