São Paulo, quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

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Fábrica no Rio quer exportar ao Mercosul

FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

Num galpão de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, uma grande prensa hidráulica recebe uma massa de PVC. Ao apertar de um botão, duas pastilhas de cem toneladas se fecham, comprimindo o PVC a uma temperatura de 160 C.
Vinte segundos e uma dose de água fria depois, as pastilhas se abrem e, dali, surge um LP.
Essa é apenas a etapa final do longo processo de produção de um disco de vinil, que a Polysom, a única fábrica do gênero da América Latina, pretende retomar ainda neste mês.
Em 2007, a Polysom fechou as portas de forma melancólica. Do maquinário em processo de sucateamento, saíam poucos discos, em geral para artistas evangélicos. Na administração, sobravam atrasos nas entregas, cancelamento de pedidos e acúmulo de dívidas.
Em abril de 2009, ela foi adquirida pelos proprietários da gravadora Deckdisc. Com isso, deve não só salvar a velha mídia de extinção no universo produtivo brasileiro como também responderá a uma demanda de um mercado em ascensão.
"Começamos o processo [de compra da fábrica] motivados pelo simples fetiche e pela impossibilidade de produzir vinis da Deckdisc no Brasil, o que representaria um custo alto", conta João Augusto, um dos proprietários da Polysom. "Mas logo descobrimos que poderia ser um bom negócio, diante do crescimento de vendas de vinil no exterior." Segundo ele, a fábrica produzirá com qualidade comparável àquela dos EUA e da Alemanha.
Reativadas as engrenagens do maquinário restaurado, os primeiros LPs a sair dali serão da Deckdisc: discos de Pitty, Fernanda Takai, Nação Zumbi e Cachorro Grande.
A fábrica, no entanto, tem capacidade para produzir 28 mil LPs e 12 mil compactos por mês. "Mas essa demanda só será cumprida quando exportarmos LPs para o Mercosul", diz.
Para ele, o vinil é uma experiência tátil, visual e auditiva. Manusear o disco, colocá-lo no toca discos e observar as artes das capas em detalhe são, para ele, prazeres indissociáveis da qualidade do som. "Um LP que teve o acetato bem cortado, as partes metálicas bem produzidas e a prensagem feita dentro dos padrões básicos tem o som infinitamente melhor do que qualquer MP3", diz.
"Tudo isso faz do vinil um fetiche, um objeto de desejo." Um fetiche que virou negócio.


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