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Fábrica no Rio quer exportar ao Mercosul
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
Num galpão de Belford Roxo,
na Baixada Fluminense, uma
grande prensa hidráulica recebe uma massa de PVC. Ao apertar de um botão, duas pastilhas
de cem toneladas se fecham,
comprimindo o PVC a uma
temperatura de 160 C.
Vinte segundos e uma dose
de água fria depois, as pastilhas
se abrem e, dali, surge um LP.
Essa é apenas a etapa final do
longo processo de produção de
um disco de vinil, que a Polysom, a única fábrica do gênero
da América Latina, pretende
retomar ainda neste mês.
Em 2007, a Polysom fechou
as portas de forma melancólica.
Do maquinário em processo de
sucateamento, saíam poucos
discos, em geral para artistas
evangélicos. Na administração,
sobravam atrasos nas entregas,
cancelamento de pedidos e
acúmulo de dívidas.
Em abril de 2009, ela foi adquirida pelos proprietários da
gravadora Deckdisc. Com isso,
deve não só salvar a velha mídia
de extinção no universo produtivo brasileiro como também
responderá a uma demanda de
um mercado em ascensão.
"Começamos o processo [de
compra da fábrica] motivados
pelo simples fetiche e pela impossibilidade de produzir vinis
da Deckdisc no Brasil, o que representaria um custo alto",
conta João Augusto, um dos
proprietários da Polysom.
"Mas logo descobrimos que poderia ser um bom negócio,
diante do crescimento de vendas de vinil no exterior." Segundo ele, a fábrica produzirá
com qualidade comparável
àquela dos EUA e da Alemanha.
Reativadas as engrenagens
do maquinário restaurado, os
primeiros LPs a sair dali serão
da Deckdisc: discos de Pitty,
Fernanda Takai, Nação Zumbi
e Cachorro Grande.
A fábrica, no entanto, tem capacidade para produzir 28 mil
LPs e 12 mil compactos por
mês. "Mas essa demanda só será cumprida quando exportarmos LPs para o Mercosul", diz.
Para ele, o vinil é uma experiência tátil, visual e auditiva.
Manusear o disco, colocá-lo no
toca discos e observar as artes
das capas em detalhe são, para
ele, prazeres indissociáveis da
qualidade do som. "Um LP que
teve o acetato bem cortado, as
partes metálicas bem produzidas e a prensagem feita dentro
dos padrões básicos tem o som
infinitamente melhor do que
qualquer MP3", diz.
"Tudo isso faz do vinil um fetiche, um objeto de desejo." Um
fetiche que virou negócio.
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