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Análise

Boa construção de "mundo secundário" é um dos segredos do sucesso do seriado

REINALDO JOSÉ LOPES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Game of Thrones" está longe de ser o tipo de série que agrada apenas aos nerds "puro-sangue", aqueles consumidores mais ávidos de tramas de fantasia.

O emprego de sexo e violência explícitos faz com que a história também tenha apelo para quem gosta de seriados sobre crime organizado, por exemplo.

Um dos segredos do sucesso de "Game of Thrones" é o emprego de um recurso eminentemente nerd da trama: a cuidadosa construção de um "mundo secundário".

O termo foi cunhado por J.R.R. Tolkien (1892-1973), autor de "O Senhor dos Anéis" e, não por acaso, criador do gênero literário a que pertence "Game of Thrones" -tratado entre os mais entusiasmados do gênero como uma ovelha negra.

A ideia é que o bom escritor de fantasia é o sujeito capaz de construir um universo virtual com tanta riqueza de detalhes e esmero que o leitor desenvolve aos poucos uma cumplicidade total com a história.

Enquanto ele está "lá dentro", o que acontece é tão real quanto os fatos no nosso "mundo primário".

Isso explica porque a abertura da série tem como estrela um gigantesco mapa de Westeros, o continente inventado pelo autor George R.R. Martin.

Mapas indicam que aquele mundo tem uma realidade própria, que não se limita aos lugares descritos na ação (e, de fato, muitos locais mapeados nem acabam entrando na versão apresentada pela série de TV).

O mesmo vale para detalhes como genealogias das famílias, canções e poemas tradicionais, palavras ou diálogos inteiros proferidos em idiomas ficcionais.

Dá um trabalho dos diabos fazer tudo isso de um jeito convincente. Por isso, são raros os escritores de fantasia que alcançam o mesmo sucesso de Tolkien ou Martin.

No caso do criador de "Game of Thrones", um ingrediente extra é a sua capacidade de criar uma galeria de personagens memoráveis.

Nos livros ("As Crônicas de Gelo e Fogo") em que se baseiam a série, a técnica relativamente simples que ele usa para realçar isso é a do "personagem-ponto-de-vista", na qual cada capítulo é narrado a partir de perspectiva de um personagem diferente.

Um dos objetivos disso é evitar a armadilha do maniqueísmo, comum em muitas obras de fantasia, já que o leitor também tem a chance de enxergar o mundo pelos olhos dos supostos vilões.

Com tantas figuras interessantes tendo sua voz representada na narrativa, é quase impossível não se identificar com alguém.


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