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Crítica artes plásticas

Design inventivo dos irmãos Campana sofre com rigor

FABIO CYPRIANO
CRÍTICO DA FOLHA

Fernando e Humberto Campana são hoje os mais celebrados designers brasileiros.

A trajetória da dupla, mais conhecida como irmãos Campana, é tema da mostra "Anticorpos", no Centro Cultural Banco do Brasil, organizada por Mathias Schwartz-Clauss, que teve início no Vitra Design Museum, na Alemanha.

Não é de hoje que o design brasileiro ganha atenção no cenário internacional.

De certa forma, Sérgio Rodrigues e Joaquim Tenreiro são os precursores, com seu desenho modernista aliado a materiais brasileiros.

Os Campana, que começaram a produzir na década de 1980, ganharam destaque justamente por transformarem essa equação: afastaram-se do funcionalismo moderno, mas radicalizaram na apropriação de elementos da cultura popular.

Bonecas de pano, construções simples com restos de madeira e plantas da Amazônia são alguns dos elementos que inspiraram, respectivamente, a cadeira Multidão, a cadeira Favela e os bancos Vitória Régia, todos na mostra.

Esse imaginário, com grande apelo aos olhos, reforça um estereótipo do caráter exótico da cultura brasileira e pode ajudar a compreender o crescente interesse internacional pelo trabalho da dupla de designers.

DIDATISMO

Nesse sentido, a mostra, que ocupa todos os andares do CCBB com cerca de 70 trabalhos, é bastante didática.

Ela ensina que o sofá Kaiman Jacaré (2006) "foi inspirado nos jacarés caiman da bacia amazônica, que podem chegar a mais de seis metros de comprimento", ou que o assento Diamantina, com o mesmo nome da cidade mineira que foi rica em diamantes, "simboliza os muitos tesouros escondidos e ameaçados no Brasil".

Assim como as peças de estética fácil e agradável, os textos utilizados para explicá-las beiram o kitsch.

O que não necessariamente representa um caráter negativo para a obra. Foi assim com outro grande nome do design internacional, Philippe Starck, que sobressaiu exatamente por criar um corpo de trabalhos bem apelativos, nos quais a forma também se sobrepõe à função.

Os Campana, afinal, levam ao mundo a mensagem de que o Brasil também é capaz de ser pós-moderno.

Contudo, para uma mostra de design, há um rigor dispositivo que não combina com esse conjunto de trabalhos.

A sinalização é um tanto confusa, já que muitas vezes é preciso buscar as legendas para entender o nome das obras, e a disposição é formal demais para peças que são tão orgânicas.

Fica contraditório expor um design tão inventivo de maneira tão careta.

ANTICORPOS

QUANDO de ter. a dom., das 9h às 21h; até 15/1/2012

ONDE Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, SP, tel. 0/xx/11/3113-3651)

QUANTO entrada franca

AVALIAÇÃO regular

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