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Crítica - Infantil

"Meu Pé de Laranja Lima" não brilha como sua inspiração

SÉRGIO ALPENDRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Adaptação do belo romance juvenil de José Mauro de Vasconcelos, "Meu Pé de Laranja Lima", segundo longa de ficção dirigido por Marcos Bernstein, não é totalmente bem-sucedido.

Não se trata de criticar a adaptação. O filme tem de brilhar por si só, independente da obra que lhe serviu como inspiração.

Trata-se, neste caso, de identificar e julgar algumas escolhas narrativas na história do menino Zezé (João Guilherme Ávila), criança mais sapeca de uma família pobre do interior de Minas Gerais. Seu grande amigo é um velho português chamado carinhosamente de Portuga (José de Abreu).

O filme se inicia com Zezé adulto, na pele de Caco Ciocler. Em visita ao cemitério onde está enterrado o Portuga, e tendo em mãos um exemplar do livro que conta suas histórias de infância, Zezé passa a lembrar daquele período, por meio de flashbacks que primam pelo uso de elipses.

Em favor de Bernstein, roteirista de sucesso ("Central do Brasil", "Chico Xavier") que ainda busca um estilo como diretor, é preciso dizer que se arrisca na opção por enquadramentos inusitados.

"Meu Pé de Laranja Lima" é mais ousado na estética do que seu longa de estreia, "O Outro Lado da Rua", em que o foco está na atuação de Raul Cortez e Fernanda Montenegro.

O problema é que muitos desses enquadramentos, que pretendem fazer com que o espectador sinta o desconforto de Zezé, estão em desacordo com a dramaturgia.

Um exemplo está logo no início, na ameaçadora aparição de Portuga, ainda como antagonista. A lente deforma seu rosto de maneira banal, representando o ponto de vista de Zezé, que no momento é repreendido com vigor e por isso vê o Portuga como um monstro.

Depois de tomar umas palmadas no traseiro, o menino corre pela rua, olhando para trás com receio de ser perseguido. A câmera, mais trôpega e indecisa que ele, foca o chão de paralelepípedos, permanecendo assim até o fim da cena. O espectador fica então sem ver a reação do Portuga, e perde de vista também a aflição de Zezé.

Momentos como esse prejudicam a fruição narrativa, jogando por terra sua nobre ambição artística.


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