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Crise na Cinemateca põe na berlinda secretário do MinC

Atuação do titular do Audiovisual no ministério é questionada por cineastas

Diretores cobram de Marta solução para a entidade; pasta afirma que a Cinemateca "tem a atenção" da ministra

SILVANA ARANTES DE SÃO PAULO

Nomeado pela ministra da Cultura, Marta Suplicy, como seu secretário do Audiovisual em dezembro passado, Leopoldo Nunes está sob tiroteio do setor cinematográfico devido à crise que envolve a Cinemateca Brasileira.

"A sobrevivência da Cinemateca está ameaçada por uma ação nefasta e desastrada que parte, segundo todos os sinais, do secretário do Audiovisual", afirma o cineasta e montador Eduardo Escorel.

O diretor da Cinemateca, Carlos Magalhães, foi exonerado em janeiro. O MinC ainda não designou substituto. A pesquisadora Olga Futemma assumiu interinamente.

Desde então, segundo a Cinemateca, 60 funcionários (num quadro de 139) foram dispensados. Eram profissionais contratados pela Sociedade Amigos da Cinemateca, para a qual o MinC suspendeu repasse de verbas.

A Folha tentou ouvir Nunes. O MinC disse que somente a assessoria de imprensa se pronunciaria sobre o tema.

"O diretor da Cinemateca foi exonerado pela ministra Marta Suplicy. Há uma auditoria em curso pela CGU (Controladoria Geral da União), que apura possíveis irregularidades em convênios. Com a auditoria em curso, não estão sendo feitos repasses à SAC. A Cinemateca tem a atenção do MinC", diz a assessoria.

O cineasta Nelson Pereira dos Santos, que teve o negativo de seu clássico "Rio, 40 Graus" (1955) perdido pela Cinemateca Brasileira, disse, por e-mail, apoiar Nunes "na corajosa tarefa de reestruturação da Cinemateca, tendo em vista equívocos cometidos pela gestão anterior".

A parceria entre MinC e SAC (Sociedade Amigos da Cinemateca) foi estabelecida em 2008. Desde então, movimentou R$ 105 milhões em projetos para a Cinemateca.

A CGU apontou "deficiência nos controles" do MinC sobre desembolsos da SAC e inação do ministério diante da falta de prestação de contas, recomendando ao MinC exigir da SAC prestação de contas detalhada.

Enquanto persiste o impasse administrativo, as atividades da Cinemateca rareiam. Foi suspensa a programação de uma das duas salas de cinema da entidade. Pedidos de liberação de cópias filmes para festivais ou pesquisa de imagem aguardam na fila.

"Hoje, não temos nem como estipular prazo para esses atendimentos", diz Patricia De Filippi, coordenadora de preservação e laboratório e atual diretora-adjunta.

"Esse processo é parecido com o que ocorreu com a Embrafilme [extinta em 1991 pelo governo Fernando Collor de Mello]", afirma Escorel.

"Todos sabíamos que a Embrafilme precisava passar por uma transformação. Mas a forma como foi feita provocou a paralisia do cinema brasileiro por quatro anos."

Escorel é signatário de um manifesto que pede à ministra Marta para evitar uma "perda irreversível" para a Cinemateca. Até a tarde de ontem, o abaixo-assinado, divulgado na internet, contava com 1.619 adesões.

O roteirista e crítico Jean-Claude Bernardet está entre elas. "A preocupação que tenho é a de todos --não entender a razão real pela qual Carlos Magalhães foi afastado, sendo que era uma gestão muito produtiva", afirma.

A atriz Betty Faria, que aderiu ao manifesto, atribui a crise da Cinemateca a um "total descaso". E está disposta a mais do que uma assinatura para defender a instituição. "Não sei se estão pensando em ir a Brasília, mas, se precisarem, contem comigo."


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