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Crítica - Artes plásticas

Livro é convite ao universo de Oiticica

"Hélio Oiticica - Conglomerado Newyorkaises" reúne textos feitos pelo artista nos anos 1970

FABIO CYPRIANO CRÍTICO DA FOLHA

O MÉRITO DA OBRA ESTÁ EM ORGANIZAR E DAR VISIBILIDADE ÀQUILO QUE ATÉ AGORA ESTAVA APENAS ACESSÍVEL DE FORMA VIRTUAL, EM UM SISTEMA DE PESQUISA NÃO TÃO AMIGÁVEL

Entre 1971 e 1977, enquanto vivia em Nova York, o artista brasileiro Hélio Oiticica (1937-1980) concebeu diversos projetos não realizados. Entre eles, a publicação de um livro, que seria chamado "Newyorkaises".

Quase 40 anos depois de sua concepção, parte desse projeto é publicado em "Hélio Oiticica - Conglomerado Newyorkaises", com organização de César Oiticica Filho e Frederico Coelho.

Os próprios autores advertem: "Este livro não é uma tentativa de publicar de forma póstuma 'O Livro de Oiticica'", diz Coelho, na introdução da nova obra.

Segundo ele, "nunca houve um fim para o planejamento das 'Newyorkaises'" e "os textos do projeto transformaram-se em um grande arquivo de pastas e escritos soltos batizados de 'Conglomerado'".

Os textos reunidos na nova publicação já estão disponíveis no site do Programa Hélio Oiticica, hospedado pelo Itaú Cultural (www.itaucultural.org.br).

O mérito da obra lançada em papel está em organizar e dar visibilidade àquilo que até agora estava apenas acessível de forma virtual, em um sistema de pesquisa não tão amigável.

DUAS PARTES

O livro está dividido em duas partes. Na primeira, estão os textos diretamente relacionados ao projeto "Newyorkaises". É o caso, por exemplo, de "Bloco Experiência in Cosmococa", escrito em março de 1974.

Nele, o artista aborda uma de suas obras mais conhecidas, as "Cosmococas", criadas em parceria com o cineasta Neville d'Almeida.

Nesse texto, Oiticica, com sua escrita irônica e repleta de neologismos, explica o uso da cocaína na realização da obra: "Se se usam tintas fedorentas e tudo q é merda nas 'obras de arte (plásticas)', porque não a PRIMA tão branca-brilho e tão afim aos narizes gerais?".

Ao longo da leitura, é possível vislumbrar, através de frases de efeito, questões que preocupavam o artista, caso de "como inventar sem tocar o essencial?", que consta de "Branco Sobre Branco".

Nele, Oiticica, com seu estilo um tanto delirante, aborda o pintor russo Kasimir Malevitch (1878-1935), o poeta e tradutor brasileiro Haroldo de Campos (1929-2003) e o dramaturgo francês Antonin Artaud (1896-1948).

Já na segunda parte do livro estão outros textos escritos em Nova York, como cartas e artigos para publicações brasileiras.

O conjunto revela-se uma ótima maneira de se entrar no complexo universo de Hélio Oiticica, além de ser um documento de época de grande valor.


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