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Crítica Drama Chileno retrata queda de Allende sob ótica conciliadora ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA DRAMA CHILENO INSPIRADO NAS MEMÓRIAS DE EXÍLIO DE SERGIO BITAR ESTREIA EM SÃO PAULO, RIO, PORTO ALEGRE E SALVADOR A história e a política são temas constantes na filmografia do chileno Miguel Littín, um dos diretores mais importantes da América Latina nas últimas quatro décadas. "Dawson Ilha 10" se insere nesse universo ao relatar a vida de dirigentes do alto escalão do governo de Salvador Allende (1908-1973), deposto por um sangrento golpe militar, em um campo de prisioneiros instalado em uma remota ilha do Sul do país. Adaptado de um livro escrito por Sergio Bitar, ministro das Minas de Allende e encarcerado na ilha, o filme registra os maus-tratos, as precárias condições de detenção, o trabalho forçado, os interrogatórios, a vigilância dos militares e a impotência dos presos. Mas também destaca as relações entre cativos e algozes, que, em alguns momentos, são de compaixão, especialmente por parte de militares de baixa patente. Isso evidencia a ótica conciliadora de Littín. O episódio em que um preso conserta o televisor do chefe militar, o único na ilha, vai na mesma direção. Todos os presos têm nomes reais, afinal, são figuras importantes do regime deposto. Mas os militares, mesmo criados a partir de figuras reais, são tipos ficcionais -e muitos carecem até de nome. Com isso, exalta-se o calvário dos presos, e os algozes não são culpabilizados. A morte de Allende também obedece à mesma perspectiva. No filme, ele é morto por um tiro de fuzil dado por um desconhecido. Desmentida pela autópsia realizada há pouco -que apontou suicídio-, a versão agrada aos defensores da conciliação, pois o suicídio dá contornos heroicos à resistência do presidente deposto. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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