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Debates com autores portugueses buscam fortalecer união com Brasil

Programa Vozes da Literatura Portuguesa reúne hoje seis escritores em encontros em São Paulo

Apesar de avanços, artistas e editores dizem que intercâmbio literário entre os dois países ainda é pequeno

MARCO RODRIGO ALMEIDA DE SÃO PAULO

Bem mais do que o oceano Atlântico separa a literatura brasileira da portuguesa.

Apesar da língua em comum, e de avanços significativos na última década, o intercâmbio editorial entre os dois países ainda é incipiente. Autores fundamentais de um são às vezes desconhecidos pelo outro. As vendas são quase sempre inexpressivas.

Com a esperança de mitigar essa defasagem, seis escritores portugueses atravessaram o oceano para tentar, se não descobrir o Brasil, pelo menos torná-lo mais próximo de Portugal.

Eles apresentam hoje em São Paulo o projeto Vozes da Literatura Portuguesa. Lídia Jorge, Patrícia Reis e Rui Zink fazem debate às 16h na Biblioteca Mário de Andrade. Depois, às 20h, Gastão Cruz e José Luís Peixoto conversam no Sesc Consolação.

A mediação será feita pela também escritora Inês Pedrosa, diretora da Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, que promove o programa. Na quinta, eles estarão em Porto Alegre e, no sábado e no domingo, no Rio.

Os seis autores representam diferentes vertentes da literatura portuguesa contemporânea. Todos já foram publicados no Brasil, mas não são muito badalados por aqui.

Pedrosa, autora de "Fazes-me Falta" (ed. Alfaguara), diz que o desconhecimento mútuo da literatura produzida nos dois países era enorme.

Ela avalia que a situação começou a mudar no começo dos anos 2000, com o fortalecimento das editoras, a proliferação das feiras literárias e as possibilidades abertas pelo mercado on-line.

Ainda assim, aponta lacunas graves. "Jorge de Sena e Vergílio Ferreira quase não são lidos no Brasil. E só agora a obra completa de Clarice Lispector está sendo lançada em Portugal", conta.

Pedrosa diz que, dentre os escritores brasileiros vivos, destacam-se em Portugal, entre outros, João Ubaldo Ribeiro, Rubem Fonseca e Luis Fernando Verissimo.

No Brasil, fora medalhões como o Nobel José Saramago e António Lobo Antunes, chamaram atenção nos últimos anos autores lusófonos publicados graças a incentivos do governo português --Gonçalo M. Tavares e José Eduardo Agualusa, por exemplo.

A brasileira Escrituras Editora criou há nove anos a coleção Ponte Velha, dedicada a autores portugueses contemporâneos. Com apoio da Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas, ligada à Secretaria de Estado da Cultura portuguesa, já publicou 52 livros.

Com a crise econômica de Portugal, o financiamento caiu de 70% para 40% dos custos da coleção. "Os livros têm bom resultado de crítica e divulgação, mas as vendas são fracas. Não chegam a esgotar a edição de 600 exemplares", diz Raimundo Gadelha, diretor da Escrituras.

"Publicar português é fácil, difícil é divulgar, distribuir. Não adianta trocar figurinhas se não podemos colocá-las no álbum", completa.

Em 2012, a Fundação Biblioteca Nacional lançou um edital para incentivar a publicação de brasileiros em outros países de língua portuguesa. Apenas editoras de Portugal inscreveram-se. Dez bolsas foram concedidas.

A editora portuguesa Relógio D'Água publicou cinco livros pelo programa: dois de Dalton Trevisan e três infantojuvenis de Clarice Lispector.

"O programa é importante. Sem ele, não teríamos podido editar os títulos de Trevisan, que não são muito vendáveis", diz o editor Francisco Vale.


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