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Trechos É o diabo haver o sempre gente disposta ao cinismo de ter vinte anos. E é uma impiedade carregarem a gente assim contra a vontade para não sei onde, para a nostalgia dos 43 anos. Mas eu vou fazer 23, pílulas! E a vida não se limita ainda pela morte porque há caminhos que talvez seja preciso recusar. (19 de janeiro de 1944) E me lembrei de você também em outros momentos. Uma noite, no Curzon Hotel, Claridges Street, escovando os dentes, com a minha cara enrugada dentro do espelho, eu disse para Helena, como se concluísse um raciocínio: "O que está me faltando aqui é a companhia do Fernando Sabino!" (...) Não me aborreço, não me angustio, não me debato. Vou enfiando um dia no outro, como as contas iguais de um rosário -quantos mistérios terá? (10 de fevereiro de 1958) Extraídos do livro "O Rio É Tão Longe - Cartas a Fernando Sabino" A História do Brasil tem, por exemplo, um "Hino do Deputado", que começa assim: "Chora, meu filho, chora. Ai quem não chora não mama, quem não mama fica fraco". E vai por aí afora. (31 de julho de 1991) Na República Velha, era todo mundo de sobrecasaca. Um calor de derreter os untos e o sujeito fechado até o último botão (...) Antigos conselheiros, os presidentes eram sisudos. Deodoro, coitado, era asmático. Aliás, asthmatico. Na velha ortografia a dispneia era maior. Getúlio foi quem inaugurou a gargalhada. (7 de setembro de 1991) Essa pretensão de me reinaugurar. Pulsa nela uma expectativa que se abre, quase eufórica. Um alvoroço de asas. Deixar para trás o arquivo morto, fechar a porta, selada como um túmulo. É preciso morrer para renascer (...) Poxa, quanta filigrana para chegar aonde eu quero. Visto pelo lado de fora, é só isto: deixei a barba crescer. (9 de agosto de 1992) Extraídos do livro "Bom Dia para Nascer" Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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