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Televisão - Crítica DVD

Série mostra que vida de Bach foi marcada por religiosidade

Mestre do barroco alemão não se envolveu em intrigas nem teve rivais

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se Hugh Grant fez Chopin, Gary Oldman, Beethoven, e Richard Burton, Wagner, responda rápido: que grande astro interpretou Bach?

Acertou quem disse nenhum. Embora seu lugar na história da música esteja para lá de garantido, Johann Sebastian Bach (1685-1750) jamais inspirou uma produção badalada como o "Amadeus", de Milos Forman, ficção baseada em Mozart, ou as cinebiografias com que o cinema americano há 50 anos brindou compositores como Liszt, Schumann e Paganini.

Possivelmente os produtores não viam interesse na vida do mestre do barroco alemão, que não morreu jovem, não se envolveu em intrigas românticas nem teve um rival do tipo vilão satânico.

Daí a importância do lançamento de "Johann Sebastian Bach - O Mestre da Música", minissérie dirigida por Lothar Bellag em 1985, marcando o tricentenário de nascimento do compositor.

Embora se trate de uma coprodução das televisões da Hungria e da antiga Alemanha Oriental, os espíritos mais suscetíveis não devem temer pesadas intervenções da ideologia do Pacto de Varsóvia em seu roteiro.

Se a religiosidade de Bach, questão primordial em qualquer abordagem, pode parecer algo velada nos três capítulos iniciais, ela surge com a devida força e veemência no capítulo final, sobre seu envelhecimento e morte.

Com seis horas, a série aborda a vida adulta do autor da "Arte da Fuga", a partir dos 23 anos, quando trabalhava na corte de Weimar.

A reconstituição de época é bem cuidada, a maioria das anedotas a seu respeito está lá e questões estéticas e musicais são abordadas com seriedade, mas não de forma inacessível ao leigo.

O Bach que emerge da caracterização do ator Ulrich Thein é uma figura humana, cotidiana, sem grandes excessos de mistificação.

Para os fãs do barroco, a música executada na série é o que pode decepcionar um pouco. Os intérpretes são renomados, como Karl Richter e David Oistrakh, e as gravações possuem inegável vitalidade, mérito e compromisso com o universo bachiano.

O problema é que a escola "historicamente informada" de música antiga com instrumentos de época levou a interpretação de Bach a um caminho distinto, fazendo tais execuções soarem datadas.

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JOHANN SEBASTIAN BACH - O MESTRE DA MÚSICA

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