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Livro narra malhação política de Jane Fonda

Biografia lançada nos EUA revisita relação da atriz com governo, prisões, companheiros e vídeos de ginástica

Autora examina histórico policial e emocional da artista, moldada como símbolo sexual nos anos 60

FRANCISCO QUINTEIRO PIRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

O governo americano acusou: Jane Fonda planejou a morte do presidente Richard Nixon. O plano, porém, era uma mentira plantada pela Casa Branca. A atriz e ativista processou Nixon por conspirar contra a sua reputação.

Vista como ameaça nacional desde 1972, quando visitou o Vietnã -então em guerra com os EUA- e foi fotografada ao lado dos inimigos, teve o telefone grampeado e um informante do FBI entre os seus guarda-costas.

Mais de 22 mil páginas do arquivo da polícia sobre a atriz contêm essas informações, trazidas por Patricia Bosworth em "Jane Fonda, The Private Life of a Public Woman" (a vida privada de uma mulher pública, em inglês).

Em 1970, após filmar "Klute", Jane foi presa, acusada de tráfico de drogas -a polícia suspeitou de suas cápsulas de vitamina. Passaram-se meses até que testes provassem que as cápsulas eram inofensivas, e Jane, inocente.

Dois anos depois, ela ganharia o Oscar de melhor atriz por aquele mesmo filme, em que vivia uma prostituta.

O livro disseca a personalidade de uma mulher que é fenômeno midiático há mais de 40 anos. "Ela tem uma capacidade extraordinária de se reinventar", diz a autora.

Patricia conhece Jane desde os anos 1960. Ela acompanhou a metamorfose de uma jovem insegura e formal em uma mulher rica e livre.

Jane, 73, tem uma personalidade volúvel e calculista, segundo a autora. "Ao mesmo tempo, anseia por aceitação." A carência, para Patricia, é uma resposta à frieza do pai, o ator Henry Fonda, e ao suicídio da mãe, France. "Jane é perfeccionista como o pai e obcecada por sexo, aparência e dinheiro como a mãe."

A atriz foi casada com o diretor Roger Vadim, de "Barbarella" (1968), que a lançou como símbolo sexual, com o político Tom Hayden e o empresário de mídia Ted Turner, fundador da rede CNN.

Ao lado de Hayden, negligenciou a carreira de atriz. Ainda assim, em 1979 Jane ganhou seu segundo Oscar, por "Amargo Regresso".

"Ela usou o dinheiro ganho com vídeos de ginástica, febre nos anos 80, para pagar dívidas do marido", diz a autora. O primeiro vídeo, "Jane Fonda's Workout" (1982), vendeu 17 milhões de cópias.

O cuidado com o corpo, segundo Patricia, sempre foi doentio. A atriz teve bulimia por mais de duas décadas. "A forma física é essencial para a criação do seu mito."

Abandonada por Hayden, iniciou um relacionamento com o mulherengo Ted Turner e "se sentiu anulada."

O casamento se dissolveu em 2000, mesmo ano em que o relato de Patricia termina.

"A minha vida representa o espírito do meu tempo", resume a atriz no livro.

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JANE FONDA, THE PRIVATE LIFE OF A PUBLIC WOMAN

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