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"Gosto de ser carregada"

Gal Gosta é mera vocalista de seu novo CD, composto e dirigido por Caetano Veloso

Daryan Dornelles/Folhapress
Gal costa e Caetano Veloso, seu parceiro no disco "recanto", em estúdio no Rio
Gal costa e Caetano Veloso, seu parceiro no disco "recanto", em estúdio no Rio

MARCUS PRETO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Gal Costa é a voz, mas é Caetano que canta.

Há seis anos longe dos estúdios e das canções inéditas, a cantora lança agora o experimental "Recanto", trabalho concebido, composto e dirigido por Caetano Veloso.

Ele escreveu nove músicas especialmente para o projeto. Outras duas, "Madre Deus" e "Mansidão", também dele, já foram gravadas antes, mas são obscuras.

"Recanto", portanto, não quis facilidades. Ele é fruto do mesmo desejo de ruptura estética -musical e poética- que guiou Caetano na criação de "Cê" (2006) e "Zii e Zie" (2009), discos em que é amparado por um trio de rock.

"Diferentemente de 'Cê', senti a necessidade de experimentar com música eletrônica. E as ideias que vinham me pareciam mais bonitas na voz pura de Gal", explica ele.

"A interpretação dela tem mais a ver com emissão [técnica] do que com intenção. E isso é crucial para os sonhos de uma música composta com sons eletrônicos."

Há arranjos em que a voz de Gal desliza sobre bases radicalmente eletrônicas. A de "Neguinho", criada por Zeca Veloso, filho de Caetano, poderia facilmente estar em um trabalho de Lady Gaga.

Isso tudo é o oposto do que Gal vinha fazendo nos últimos 15 anos, pelo menos. Em seus trabalhos recentes, era acompanhada por orquestras, recitais de violão, relia clássicos de Tom Jobim e de outros standards da MPB.

Caetano -que também vai assinar a direção do show, previsto para março, no Rio- chama "Recanto" de "meu trabalho composicional de agora". Diz que "quis fazê-lo com o som da voz dela".

Em consonância com ele, Gal diz que "não teve contato nenhum com a feitura do disco. Caetano fez tudo".

E como é, para Gal, ter seu nome estampando a capa de um álbum em que as ideias não são suas? Como é ser "apenas" a vocalista de seu próprio CD?

"Eu mesma disse para ele: 'Caetano, esse disco é seu'", assume. "Mas sempre foi assim. Em todos os meus discos para os quais ele compôs, eu não pedia temas. Ele fez o que quis. Gosto de ser carregada."

O jornalista MARCUS PRETO viajou a convite da gravadora Universal.

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