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Diretor Ken Russell era amado e odiado na mesma proporção

Britânico foi indicado ao Oscar por "Mulheres Apaixonadas"

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

O desaparecimento das telas do diretor Ken Russell na última década poderia ter feito passar despercebida sua morte, aos 84 anos, no último domingo.

No entanto, houve uma época em que o nome do cineasta britânico foi sinônimo de filmes amados e odiados em igual medida.

Impossível era ignorar sua estética saturada, uma mistura de delírios visuais com choque moral calculado para provocar polêmica.

A fórmula era eficiente quando se tratava de sobrepor excessos, como na cultuada fusão de ópera e rock em "Tommy" (1975) -baseado no disco da banda The Who-, mas quase sempre ultrapassava as raias do suportável, como nos filmes "Lisztomania" (1975) e "Gothic" (1986).

Sua trajetória começou na televisão, nos anos 60, com uma série de documentários sobre artes e música, nos quais compôs um estilo que combinava material factual e imagens de sugestão sensorial e poética.

A fórmula garantiu o efeito de assinatura nas biografias de artistas que se tornaram especialidade de Russel na década seguinte.

Antes de se tornar vítima da síndrome de gênio, o diretor ganhou notoriedade com "Mulheres Apaixonadas" (1969) e "Os Demônios" (1971), nos quais sua opção pela estetização em imagens de forte erotismo provocou bastante impacto.

No início dos anos 80, Russell ainda tentou recuperar fôlego nos Estados Unidos, mas "Viagens Alucinantes" (1980) e "Crimes de Paixão" (1984) apenas confirmaram que sua fantasia havia se tornado obsoleta com o advento do videoclipe.

No lugar dele, Derek Jarman e Peter Greenaway, praticantes da mesma proposta de cinema decorativo, já haviam sido eleitos os "gênios" da vez.

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