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Crítica - Drama

Nova produção de Terrence Malick oscila entre intelectualismo e visual 'new age'

DO CRÍTICO DA FOLHA

Terrence Malick já foi um cineasta raro. Filmava pouco, com intervalos de até 20 anos entre seus trabalhos. E cada filme seu chegava com o impacto de uma anunciação.

Em comparação com o sistema de produção veloz e descartável do cinema americano, o trabalho do diretor merecia o adjetivo "único".

O breve intervalo entre "Árvore da Vida" (2011) e este "Amor Pleno" (2012) indica uma aceleração no modo de realizar que causa estranheza a quem se acostumou com o modo lento, reflexivo, que antes assegurava ao cinema de Malick um status singular.

"Amor Pleno" parece continuação de "Árvore da Vida", com sua mescla de evocações afetivas e ambiciosa interpretação metafísica da vida.

Com uma narrativa etérea, o filme se compõe de uma série de fragmentos da história entre Neil (Ben Affleck) e Marina (Olga Kurylenko), que começa de modo idílico, degrada-se à medida do egoísmo de cada um e não termina sem antes o par viver um inferno.

As imagens estupendas exibem a experiência amorosa tal como um fluxo sensorial, expressando o inefável da paixão, às vezes sem tomar o cuidado de não esbarrar no clichê do casal de propaganda de margarina.

Intercaladas a essa história física, as reflexões do Padre Quintana (Javier Bardem) evocam o amor espiritual do homem por Deus, trazem à tona temas como o pecado e o perdão, a graça moral em meio à desgraça material.

Com tantos temas nobres, o problema é: como mostrar tudo isso sem cair no intelectualismo ou no sensorialismo "new age"? "Amor Pleno" oscila entre esses dois polos, até nausear. A câmera flutua como se tudo precisasse de um olhar espiritual, cada grão de areia tem de parecer uma prova da existência de Deus.

Assim como em "Árvore da Vida", "Amor Pleno" torna tudo tão perfeito e extático que o espectador fica dispensado de sentir emoções.


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