Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Crítica - Animação

Obra inspirada em Verne narra amizade entre garoto e girafa

RICARDO CALIL CRÍTICO DA FOLHA

Uma semana depois de "Contos da Noite 3D", estreia em São Paulo "Zarafa", mais uma animação artesanal francesa e, neste caso, em 2D ""ou seja, outro filme na contramão da indústria digital.

Embora não possua o mesmo nível de originalidade estética e narrativa dos "Contos" de Michel Ocelot, a obra dos diretores Rémi Bezançon e Jean-Christophe Lie tem atrativos suficientes para interessar a crianças e adultos.

Às primeiras, oferece um universo com um herói infantil, animais selvagens, lugares exóticos e aventuras fabulosas (inspiradas na obra de Julio Verne).

Aos segundos, um olhar crítico sobre o passado francês, adaptando livremente a história real da primeira girafa levada a Paris, um presente do paxá do Egito ao rei Carlos 10 em 1827.

No Sudão, aos pés de um baobá, um senhor conta a um grupo de crianças a história da amizade entre o menino sudanês Maki e uma jovem girafa conhecida como Zarafa. A partir daí, a trama central se desenrola na tela.

Preso como escravo por um traficante francês, Maki escapa e foge com a ajuda da girafa. Mas o traficante os alcança e mata a mãe do animal (em uma cena que, pela crueldade e tristeza, remete diretamente a "Bambi").

Nesse momento, aparece em cena o beduíno Hassan, que afugenta o traficante e captura a girafa para entregá-la ao paxá no Egito. Maki o segue para cumprir promessa feita à mãe de Zarafa: levar o animal de volta à terra natal.

As aventuras que irão levá-los até Paris incluem vacas indianas gêmeas, uma viagem em um balão pilotado por um cientista maluco, um bando de piratas liderado por uma grega maternal ""histórias que poderiam ter saído das páginas de Verne.

Mas, por trás dos traços delicados da animação e nostálgicos da história, há também uma crítica à brutalidade da colonização francesa e à frivolidade da aristocracia local (que adota a girafa como uma moda curiosa, para logo após esquecê-la).

O antídoto a isso, nos sugere o filme, é um multiculturalismo tolerante, que abrace diferentes etnias e religiões, que una África e Europa. Nesse sentido, "Zarafa" é também um filme político, atento ao presente.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página