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Crítica - Drama

Longa húngaro retrata ódio a ciganos sem cair em clichês

ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O letreiro que abre o filme já estabelece o contexto, dizendo que em 2008 e 2009 aconteceram vários assassinatos de ciganos na Hungria, esclarecendo que a narrativa não encenará esses crimes, mas foi inspirada neles.

A partir daí, acompanhamos 24 horas da vida de três personagens: Mari (Katalin Toldi), a mãe, e seus filhos Anna (Gyöngyi Lendvai) e Río (Lajos Sárkány).

Os três moram em um barraco dentro de um bosque onde vivem famílias ciganas. Uma delas foi dizimada.

Longe de qualquer caracterização estereotipada --clichês como dentes de ouro, leitura de mãos, brigas e navalhadas--, o diretor húngaro Benedek Fliegauf mostra ciganos trabalhadores, silenciosos e angustiados.

Mari tem dois empregos para sustentar a casa, onde também vive seu pai inválido (Györgyi Toldi), e é humilhada pelo patrão. Adolescente, Anna frequenta a escola, onde também enfrenta preconceito. O garoto Río prefere perambular pelo bosque.

Expoente da nova geração do cinema húngaro, Fliegauf constrói uma atmosfera de tensão permanente. Para isso, recorre ao uso constante da câmera na mão, de planos fechados nos personagens em movimento e de pouca luz em cenas de interiores.

Sentimos na pele a angústia do trio, que se separa pela manhã sem saber se vai se reunir à noite. Invisível e silenciosa, a ameaça pode se concretizar a qualquer momento.

Fliegauf só mostra as vítimas, não se preocupa com os criminosos. Não se sabe quem são e nada é dito sobre suas motivações. O medo, a discriminação e a violência são muito mais sugeridos do que explicitados, o que só aumenta o mal-estar.

Com extrema competência narrativa, "Apenas o vento", que levou o Urso de Prata em 2012, coloca o dedo na ferida do racismo, que vem crescendo no leste da Europa.


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