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Crítica - Teatro
Peça se perde ao deixar cenário apocalíptico roubar a cena
CAROLIN OVERHOFF FERREIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHAO título das cinco peças em um ato, "Ah, a Humanidade!", é inspirado na expressão de um jornalista quando do acidente com o dirigível Hindenburg. Nessa adaptação do texto de Will Eno, o mundo está literalmente em ruínas.
É um erro de interpretação: não há fim de civilização, senão pessoas que deixam cair as máscaras. A simbologia acaba roubando a cena e atrapalha os atores.
Um treinador revela um ser cheio de poesia por trás das desculpas para os fracassos. Entre escombros, o desmoronamento perde impacto.
Um homem e uma mulher gravam um vídeo de autopromoção. No lugar apocalíptico, não acreditam em seus personagens.
A porta-voz de uma companhia aérea abre mão das frases padrão quando informa sobre um desastre. O desespero se afoga no cenário.
Um fotógrafo inexpressivo e uma assistente tentam repetir o sucesso midiático de uma fotografia. Mas a reflexão se perde no entulho.
O espetáculo termina com um casal que luta mais entre si e contra a cenografia do que com o descobrimento de que a vida é pura fachada.