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Opinião
Cartilha de figurino da TV passa longe do estilo nacional
PEDRO DINIZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHAA política de moda da Globo, que orienta como os apresentadores e âncoras de seus telejornais devem se apresentar diante das câmeras, é baseada na ideia de que roupas "clássicas" são a melhor saída para que, ao contrário de Faustão, ninguém caia nas armadilhas da moda.
Trocando em miúdos, no quesito fashion o telejornalismo global fica em cima do muro.
Qualquer elemento fora da "normalidade" é item dispensável e, além de visualmente "desagradável", não combina com a imagem séria que deve acompanhar a notícia.
No entanto, ao abolir de sua cartilha as flores, as estampas, o brilho e o xadrez, por exemplo, o esquadrão da moda global reproduz um padrão europeizado de beleza --engomadinho, algo sisudo e distante do que os brasileiros reconhecem como estilo nacional.
EXCEÇÃO À REGRA
A prova de que um pouco de graça no vestuário não descredita ninguém, muito menos a notícia, é Patrícia Poeta. À frente do "Fantástico", a jornalista soube usar vestidos justos, cores e brilho para ganhar, além da simpatia do público, credibilidade.
Hoje, na bancada do "Jornal Nacional", e com os cabelos cortados pouco abaixo dos ombros, limpou sua imagem sem se render aos terninhos e às cores neutras propostos pelos consultores.
Numa época em que se questiona a utilidade dos manuais de estilo e a uniformidade de gosto que pregam, a emissora poderia rever sua etiqueta fashion e abrir espaço para mais ousadias.
Nos telejornais da rede de TV americana CNN, por exemplo, o terno de um botão já foi adotado por âncoras como Anderson Cooper, e as gravatas de cores vivas, pouco a pouco, estão substituindo as tradicionais escuras e sem grafismos aparentes.
Nesse caso, está permitida até a cor berinjela.