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Verbas foram menos da metade do que previsto

IAB afirma que atraso na liberação da Oca impediu captação de recursos

Arquitetos consideram exposição motivo de "vergonha" e afirmam que a "imagem do país ficou comprometida"

DE SÃO PAULO

Obras que não vieram, organização quase ausente, problemas técnicos e espaços que ficaram vazios na Oca chamaram a atenção nesta nona edição da Bienal Internacional de Arquitetura.

"Foi uma vergonha", diz Denise Hochbaum, que organizou a mostra de jovens arquitetos brasileiros e americanos dentro da Bienal. "Isso compromete a imagem do país", diz Alexandre Hepner, da firma Arkiz, que participou desse recorte do evento.

"Como uma das maiores bienais do mundo, talvez esta precise de outra direção", avaliou Philipp von Dalwig, do escritório americano Manifold. "Era impossível saber quem estava no comando."

Quando estava com a mostra da Alemanha já pronta, Michael Lorenzo Alvarez, responsável pela representação do país, soube que teria de mudar tudo para se adequar à curadoria e, por isso, negociou a ida da exposição para o Centro Cultural São Paulo.

"Já estava tudo pronto para ser produzido, a decisão de ir para outro lugar foi tomada quando o nosso trabalho já estava muito avançado", contou Lorenzo Alvarez à Folha. "A experiência que tivemos em bienais anteriores foi boa, então achávamos que tudo podia mesmo correr bem."

Rosana Ferrari, presidente do departamento paulista do Instituto de Arquitetos do Brasil, responsável pela Bienal, atribuiu os problemas à falta de verbas e um atraso na cessão da Oca para a realização do evento, o que impediu que recursos fossem captados por renúncia fiscal.

Segundo Ferrari, o orçamento da exposição ficou em torno de R$ 2 milhões, quando se esperava obter R$ 5 milhões. Por isso, segundo ela, há pendências financeiras com alguns escritórios, que pagaram do próprio bolso pelo custo da participação.

Sobre quase metade da Oca ser destinada a espaços de propaganda institucional, dos governos municipal, estadual e federal, Ferrari disse que essa "não é uma mostra autoral, de arquitetos renomados" e que "é importante que arquitetos trabalhem para o poder público, não tem como não dar espaço a ele".

Valter Caldana, curador da Bienal, chamou de "generosos" os espaços vazios entre as exposições e afirmou que as participações institucionais foram "bastante ricas".

"Quando você faz um evento crítico, é claro que terá reações das mais diversas", diz Caldana. "É mais do que uma exposição, é um debate, e isso é positivo."

(SILAS MARTÍ)

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