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Museu quer perder fama de salão de festa

Exposição sem curador, organizada por artistas, é estratégia para dar novo peso ao MuBE no circuito paulistano

Mostra cria diálogo de artistas da novíssima geração com arquitetura de Paulo Mendes da Rocha, autor do espaço

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Quando Paulo Mendes da Rocha projetou o Museu Brasileiro da Escultura, talvez não imaginasse que pouco haveria ali de escultura, nem que o espaço viraria um salão de festas de luxo no Jardim Europa, uma espécie de "museu de aluguel", como é conhecido na cena artística.

Renata Junqueira, uma das diretoras do MuBE, vem tentando mudar esse quadro. Negociou com Mendes da Rocha a retomada de um projeto para construir um anexo do edifício previsto na planta original e até tentou levar o acervo do escultor Franz Weissmann para o museu.

Enquanto aquele anexo nunca saiu do papel e a ideia de trazer as obras de Weissmann foi arquivada por causa de uma briga entre herdeiros, um grupo de artistas agora teve carta branca da direção para fazer uma mostra que dialogasse com o espaço do MuBE e ajudasse a reintegrar o museu ao circuito.

"Não é mais uma dessas exposições de merda nem evento comercial", resume Alberto Simon, artista à frente da mostra "Betão à Vista", forma lusitana de dizer concreto aparente, marca do brutalismo de Mendes da Rocha.

"É para trazer aquele público que frequenta museus, mas nunca vem ao MuBE."

Junqueira, que topou abrir o museu a essa tentativa de arejar o lugar, diz que não vê a mostra como uma crítica. "É um jeito de dar um novo rumo ao espaço", afirma. "Minha intenção é fazer com que o MuBE participe do circuito de modo mais nobre, o que não vinha acontecendo."

Nada na mostra parece revolucionário, mas esse time de artistas, de fato, não costuma nem pisar ali. São nomes da novíssima geração, como Deyson Gilbert e Roberto Winter, além de consagrados, como Paulo Monteiro.

Monteiro talvez seja o único que fez um nome como escultor. Sua intervenção no MuBE agora são peças sutis presas à parede, delicadas estruturas de estanho, cobre, argila, ferro e madeira que se equilibram naquele espaço.

"São obras desmontáveis, e o jeito que são construídas também se relaciona com a arquitetura", diz Monteiro. "Sempre fiz essas esculturas, mas nunca tive a chance de expor aqui. É um museu que ficou apagado, de fora."

Adriano Costa, aliás, faz alusão ao que está do lado de fora ao replicar dentro da mostra só o pedestal de uma escultura de Victor Brecheret que fica no terraço do MuBE.

Na contramão disso, Roberto Winter cria um embate com o concreto aparente dos muros do museu ao instalar uma nova parede, branca, no meio do espaço, isolando parte dele para expor um quadro qualquer, num ataque à arquitetura padrão dos cubos brancos que são os museus e as galerias convencionais.

Talvez aludindo à mudança de rumo, Lucas Simões mostra uma série de imagens derretidas, a película fotográfica descolando do papel como retrato deformado, e ainda em construção, ou reconstrução, como quer o MuBE.


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