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Cinema

'Um Dia' busca ir além da comédia romântica

Baseado em best-seller, filme decepcionou na bilheteria dos EUA

Diretora Lone Scherfig, de 'Educação', diz ter sentido pressão crescente ao adaptar livro de David Nicholls

PEDRO BUTCHER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando Lone Scherfig se comprometeu a dirigir a adaptação para o cinema de "Um Dia", o livro de David Nicholls já havia causado certa comoção, mas ainda não era um best-seller internacional.

"Aos poucos, sentimos a pressão em torno do filme aumentar", conta, em entrevista à Folha, a cineasta dinamarquesa, que despontou no cenário internacional com a comédia "Italiano para Principiantes" (2000).

O projeto de "Um Dia" partiu da produtora Nina Jacobson, que conheceu Scherfig em 2009, em Los Angeles. Na época, a diretora recebia elogios por "Educação", drama com roteiro de Nick Hornby que foi indicado a três Oscars, incluindo melhor filme.

"Nina foi supercuidadosa para que a adaptação não ferisse o amor que o livro despertou nos leitores. Fez questão, por exemplo, de que o próprio David Nicholls assinasse o roteiro", explica.

"É claro que foi preciso sintetizar a história, mas, de maneira geral, o filme foi muito fiel ao roteiro, e o roteiro foi muito fiel ao livro."

"Um Dia" foi lançado nos Estados Unidos em agosto e obteve US$ 13,4 milhões de bilheteria (R$ 24 mi) -cifra considerada decepcionante.

Mas Scherfig não acredita que os fãs do livro tenham rejeitado a adaptação.

"Realizamos sessões-teste e, em todos os casos, os espectadores que conheciam o livro aprovaram", diz.

"A questão é que não se trata de uma comédia romântica. Acredito que a grande qualidade do filme é fazer essa reflexão sobre o que é o amor e o que é o tempo."

Segundo a diretora, não se trata de um filme leve. "Procuramos não enganar o público. O importante é que em outros territórios os resultados têm sido surpreendentes."

A bilheteria global do filme está em US$ 54 milhões (cerca de R$ 96 mi), e ainda há estreias previstas para vários países.

CARREIRA

O primeiro grande sucesso internacional de Scherfig foi "Italiano para Principiantes", uma comédia totalmente realizada segundo os preceitos do Dogma -movimento de curta duração, mas forte influência, que, entre outras coisas, proibia filmagens em estúdio e música.

"Era um filme local, de pequeno orçamento, que viajou o mundo e ganhou muitos prêmios. Foi ótimo para minha autoestima", diz.

No ano passado, o sucesso de "Educação" -uma história inglesa filmada em Londres, como "Um Dia"- trouxe novo fôlego à sua carreira.

"Já recebi muitas propostas para filmar nos Estados Unidos, mas prefiro trabalhar na Europa. Aqui estão os roteiros com que me identifico mais", diz.

"Não acho que as pessoas tenham gostado desses filmes apesar de eles serem pequenos, mas sim porque eles são pequenos. Já fui a Los Angeles muitas vezes, e a vida que levo lá é como um sonho. Tudo isso é muito bom, mas é importante voltar à realidade", completa.

Quando fala de Lars Von Trier, um dos artífices do movimento Dogma e figura central do cinema dinamarquês, Scherfig recorre a uma ironia típica do polêmico diretor.

"Gosto de Lars porque ele gosta do meu trabalho", brinca. "Mas não é só isso. Ele é a figura mais inspiradora e a que mais incentiva e provoca a comunidade cinematográfica do meu país. Não há como não reconhecer isso".

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