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Drama espacial é aplaudido no primeiro dia de Veneza
'Gravidade', com George Clooney e Sandra Bullock, abre o festival de cinema
Fora de competição, filme de Alfonso Cuarón tem orçamento de US$ 80 milhões e é repleto de efeitos especiais
O diretor mexicano Alfonso Cuarón ("Filhos da Esperança", "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban") fez da abertura do 70º Festival de Veneza, ontem, um gigantesco observatório espacial.
Seu esperado "Gravidade" --uma façanha em 3D protagonizada por Sandra Bullock e George Clooney e repleta de efeitos especiais-- foi muito aplaudido na estreia mundial.
O filme, escrito por Cuarón e seu filho, Jonás, e orçado em US$ 80 milhões (cerca de R$ 187 milhões), tem um roteiro de simples premissa e execução complicada. O longa está fora de competição em Veneza e deve estrear no Brasil no dia 11 de outubro.
Bullock e Clooney são dois astronautas americanos na órbita terrestre com a missão de consertar o telescópio espacial Hubble.
Mas a explosão de um satélite russo provoca uma onda destruidora de detritos que deixa a dupla à deriva no espaço. Eles precisam realcançar a estação internacional antes que os destroços voltem e o oxigênio acabe.
É um texto simples, que se contrapõe à exigência de uma série de técnicas para simular gravidade zero, desmanches épicos de ônibus espaciais e satélites e o próprio espaço, a grande estrela do filme.
"O espaço é o ambiente mais hostil que existe, com ação e reação imprevisíveis. O grande desafio foi representar essas ações, porque somos acostumados a deixar as coisas caírem. Lá em cima isso não existe", disse Cuarón, que não dirigia um longa-metragem havia sete anos.
"Queríamos fazer um filme pelo qual o espectador roesse as unhas, mas também se importasse com os personagens", completou Jonás.
A equação deu certo. "Gravidade" funciona --mas é quase impossível descrever a experiência de assisti-lo sem estragar seu impacto.
Os 17 minutos iniciais formam quase um plano-sequência e só não são o melhor do filme porque pouco depois Bullock protagoniza uma sequência de fuga tão tensa e nervosa que praticamente obriga o cinema inteiro a prender a respiração.
Alfonso Cuarón consegue brincar com os efeitos especiais sem relegar a dramaticidade. "Gravidade" é sobre renascimento e superação, algo que exige bastante do talento --que não é grande-- de Sandra Bullock.
"Preciso falar sobre a performance de Sandra no filme, porque foi algo impressionante. Você precisa se mover devagar e falar depressa. Isso é muito difícil. Nunca conseguiria fazer igual", disse Clooney, em entrevista à imprensa mundial em Veneza.
"Na verdade, minha preparação foi beber durante o filme todo", brincou o ator.
Clooney consegue interpretar a si próprio, mesmo perdido no espaço: é um bonachão charmoso, um veterano repleto de histórias engraçadas e piadas instantâneas.
É justamente por saber explorar essas personalidades e por não se contentar em gerar cenas corriqueiras que "Gravidade" figura como o primeiro filme-evento de 2013 que não decepciona.
70 DIRETORES
O primeiro dia de Veneza também teve a exibição de "Veneza 70 "" Future Reloaded", filme com curtas de 70 diretores em comemoração do aniversário do festival.
O resultado da experiência é mais festivo do que significativo. Com o limite de 90 segundos para cada "doação" dos cineastas, nada muito espantoso foi produzido por nomes como o iraniano Abbas Kiarostami e o israelense Amos Gitai e pelos diretores brasileiros Karim Aïnouz, Júlio Bressane e Walter Salles.