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Governo quer acervo de Edemar em museu

Instituto Brasileiro de Museus pede transferência das obras da casa do ex-banqueiro para instituições públicas

Peças avaliadas em R$ 30 milhões devem sair de mansão no Morumbi para evitar deterioração, diz laudo

SILAS MARTÍ ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Novo parecer do Instituto Brasileiro de Museus, órgão do Ministério da Cultura, defende a transferência das obras de arte da antiga casa do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira para museus.

Quando o ex-dono do Banco Santos foi despejado de sua casa em São Paulo, dois anos atrás, o imóvel de R$ 80 milhões foi lacrado com mais de 800 obras dentro, entre elas peças dos americanos Robert Rauschenberg (1925-2008) e Frank Stella e do brasileiro Portinari (1903-1962). O acervo é avaliado em cerca de R$ 30 milhões.

É a parte da coleção do ex-banqueiro que ainda não foi destinada a instituições. Em 2005, quando foi condenado em primeira instância por crimes financeiros, 12 mil obras que guardava num galpão foram transferidas a sete museus por ordem judicial.

Um novo capítulo se abre agora, com a pressão do governo sobre o destino das peças que ficaram na mansão. A massa falida do Banco Santos tenta conter custos de preservação do acervo, que seria depois vendido para honrar credores de R$ 2,2 bilhões --o rombo deixado pelo banco.

Já Cid Ferreira acusa os depositários de negligência, dizendo que o ar-condicionado foi desligado, a casa não foi arejada e virou "uma estufa".

Nesse ponto, o banqueiro encontrou no órgão do ministério uma espécie de aliado, já que essa nova avaliação, obtida pela Folha, reitera a ausência de condições da casa para preservar o acervo.

"Demos um parecer para designar que as obras retidas na casa fossem encaminhadas a um museu", diz Ângelo Oswaldo de Araújo Santos, presidente da autarquia de museus, em entrevista à Folha durante um encontro no Rio. "Temos de ser ouvidos."

Mas um dado chama a atenção. Um dos articuladores do processo junto ao governo foi Pedro Paulo de Sena Madureira, antigo testa de ferro de Cid Ferreira, que constava como presidente da Sanvest Participações, uma das empresas do banqueiro.

Sena Madureira disse à Folha que pediu a Araújo Santos a aceleração da expedição do parecer e foi um dos primeiros a receber o texto.

'HOMEM DE PALHA'

Vânio Aguiar, administrador da massa falida do Banco Santos, reagiu à nota dizendo causar "intranquilidade" o texto ter sido feito a pedido do "homem de palha" do ex-controlador do banco.

"Não vejo que intranquilidade isso pode causar", diz Sena Madureira. "Sou amigo do Ângelo. Meu envolvimento foi só telefonar para ele."

Cid Ferreira minimiza a importância de Sena Madureira no caso. "Ele é meu amigo", disse. "Meus representantes legais são meus advogados."

O ex-banqueiro disse ainda que há dois anos pede para entrar na casa e verificar as condições das obras, mas tem sido impedido pela Justiça. Segundo ele, é urgente a transferência do acervo da casa do Morumbi para evitar que continue a se deteriorar.

Dois laudos do ano passado obtidos pela Folha atestam que obras como a escultura de Frank Stella, instalada perto de uma piscina, estão "perdendo as suas cores".


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