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O lado B dos super-heróis

Livro traz bastidores da editora de quadrinhos Marvel, da sua criação à transformação em uma potência bilionária

RODRIGO SALEM ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

Se você gosta de cultura pop e não mora em Marte, há boas chances ter cruzado com o símbolo da Marvel. Não apenas porque ela é a editora dos gibis do Homem-Aranha, Homem de Ferro ou Thor.

A Marvel tornou-se uma empresa de entretenimento que envolve bonecos, produtos de licenciamento globais que vão de cuecas a carros, e filmes de sucesso como "Os Vingadores", mais visto no mundo no ano passado. Em 2009, ela foi comprada por US$ 4,2 bilhões pela Disney

Mas o que você provavelmente não sabe é que Stan Lee, criador da maioria dos heróis Marvel, dedurou seu principal parceiro, o desenhista Jack Kirby, quando ele fez trabalhos de freelancer para a editora concorrente, a DC Comics, casa do Superman.

Ou que Lee, no fim dos anos 1940, se mudou para o luxuoso Alamac Hotel e era visto com diversas mulheres em seu Buick conversível e dando polpudas gorjetas em Nova York.

Ou pior: que em 2000, quando a Marvel enfrentou processo de falência, o popstar Michael Jackson se ofereceu para comprar a editora, mas nunca fechou o negócio.

Isso tudo está em "Marvel: A História Secreta" (livro com lançamento no Brasil no dia 15), do jornalista americano Sean Howe, 38, especialista em cultura pop que escreveu para veículos como "Entertainment Weekly" e começou a ler HQs aos quatro anos.

"Mas não era gibi da Marvel", revela. "Era da Liga da Justiça', da DC, revista da qual tenho mais lembranças emocionais do que racionais."

O autor acompanha a transformação da Marvel desde o início, em 1939, sob o nome Timely Comics --o nome definitivo só veio nos anos 1960, depois de uma crise que quase acabou com a indústria no pós-Segunda Guerra Mundial.

FOFOCA NOS CORREDORES

O texto, repleto de entrevistas (cerca de 150 fontes), detalha os corredores da empresa quando ainda era gerida pelo rude Martin Goodman, passa pela criação dos heróis mais famosos e pelos tumultuados anos 1980, quando a Marvel parecia criativamente morta.

"O período é meu fraco, porque foi quando comecei a colecionar os títulos de verdade", conta o escritor. "Nos anos 80, sem internet, colecionar quadrinhos parecia um clube secreto. Como uma rede de contatos do submundo. Se você encontrava alguém que lia quadrinhos era como falar um código secreto."

Apesar da paixão de Howe, "Marvel: A História Secreta" não é uma homenagem. "Eu estava me preparando para conhecer a realidade dos meus artistas favoritos antes mesmo de começar a escrever, porque já fazia matérias sobre cultura pop e sabia diferenciar o fã do jornalista", explica ele.

BRIGA DE EGOS

Assim, o livro percorre com precisão a briga de egos dos artistas da Marvel --além de Lee, havia Joe Simon ("Capitão América"), Jack Kirby ("Quarteto Fantástico" e outros) e Steve Ditko ("Homem-Aranha")--, bebedeiras nas redações, uso de alucinógenos como pegadinha contra um editor e até uma foto de Stan Lee que teria sido tirada nos anos 1970 com o artista nu, apenas com uma pilha de gibis cobrindo sua genitália.

E, claro, dezenas de processos e casos de autores que morreram com poucos dólares na conta, enquanto suas criações rendiam milhões --como Kirby, morto em 1994.

Mas Howe não acusa Stan Lee, muito criticado por assumir crédito pelo trabalho de outros artistas, quando a Marvel era uma fábrica incansável de personagens. "Sei que existem acusações, mas Stan inegavelmente tem sua importância na indústria."

A vocação cinematográfica da Marvel, no entanto, é vista com ressalvas por Howe. "Me preocupa que as pessoas pensem que quadrinhos são apenas super-heróis ou que não existe nada além dos filmes. Há um sentimento nos quadrinhos que não pode ser levado para um multiplex."


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