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Gênero dos anos 1970 pregava a urgência

DO ENVIADO AO RIO

No início, performance era sinônimo de dor. Lá atrás, antes de Lady Gaga e Jay Z, artistas como Marina Abramovic e Tania Bruguera usavam o próprio corpo em ações que fisgavam o olhar pela crueza e aflição que causavam.

Enquanto Bruguera já brincou de roleta russa, Abramovic quase levou um tiro numa ação em que dispunha sobre a mesa um arsenal de armas que o público podia usar contra ela --acharam prudente interromper o ato na hora em que apontaram um revólver carregado para a sua cabeça.

Quem levou um tiro de verdade --e de propósito-- foi o norte-americano Chris Burden, que em plena Guerra do Vietnã pediu que um amigo alvejasse seu braço com um rifle para uma performance numa galeria da Califórnia.

Essas e outras ações, como quando Vito Acconci se escondeu debaixo do assoalho de uma galeria em Nova York e se masturbou horas a fio, são todas urgentes, ideia que está na raiz da performance.

Quando surgiu nos anos 1970, o gênero tinha como meta, ao lado da arte conceitual, desmaterializar a obra de arte, para que ela deixasse de ser produto e virasse ação efêmera e invendável.

Tão efêmera quanto aquele desfile de Antonio Manuel pelado na noite de abertura do Salão do Museu de Arte Moderna do Rio em 1967, no auge da repressão militar.

De certa forma, performance tem a ver com protesto, e em tempos de relativa estabilidade política essa fúria arrefece, cedendo lugar a estripulias circenses como os últimos atos de Gaga e Jay Z.

Na opinião do performer islandês Ragnar Kjartansson, que está agora na Bienal de Veneza, a performance perdeu o perigo do mesmo jeito que o rock já foi digerido.


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