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Impasse congela reedição da biografia de Noel Rosa

Companhia das Letras e José Olympio disputam interesse; autores divergem

Lançada em 1990 pela UnB, primeira edição da obra chega a ser oferecida por R$ 400 em sebos virtuais

LUIZ FERNANDO VIANNA ESPECIAL PARA A FOLHA

Consagrado como o mais importante livro escrito sobre um personagem da música brasileira, "Noel Rosa "" Uma Biografia" está com sua tão aguardada reedição estancada num impasse.

A Companhia das Letras fez uma proposta que foi aceita pelas herdeiras de Noel e por um dos autores da biografia, o jornalista João Máximo. Mas foi recusada pelo outro autor, o pesquisador Carlos Didier, que dá prioridade à editora José Olympio.

A situação reforça o mito em torno do livro, lançado em 1990 pela UnB (Universidade de Brasília) após recusas de várias editoras, transformado rapidamente em clássico, e nunca mais reeditado. Em sebos virtuais, chega a ser oferecido por R$ 400.

A obra vinha sendo barrada por ações na Justiça das herdeiras de Noel, suas sobrinhas Maria Alice e Irami --o compositor, morto por tuberculose em 1937, aos 26 anos, não teve filhos; as músicas em que não tem parceiros estão em domínio público, mas direitos sobre sua imagem podem ser reclamados.

Elas pediam indenização, alegando desrespeito à vida privada da família em função dos relatos sobre os suicídios da avó e do pai de Noel.

Os autores provaram que as mortes foram noticiadas em jornais. Em 26 de novembro de 2012, a última ação foi retirada da 3ª Vara Federal de Brasília.

Didier alega que a José Olympio, pela qual lançou em 2010 "Nássara Passado a Limpo", "há tempos tenta a reedição".

"A Companhia das Letras há pouco passou a se interessar. Esclareci que outra editora estava trabalhando o livro e que era necessário ter elegância --foi a palavra fora de moda que usei", conta.

"Recomendei que não se fizesse contato com a família Rosa para evitar a formação de um leilão. Virou leilão. O que me desagrada muito."

Máximo diz que, afora acenos informais no passado, só recentemente foi procurado pela José Olympio.

"A Companhia foi a única que me fez uma proposta de fato. E foi muito satisfatória. Já estavam previstos a tiragem, o preço, como e quando tudo seria feito. Só pedi que o livro fosse revisto e que eu fizesse o texto final", diz.

O preço previsto é R$ 69,90. A nova edição da biografia teria 900 páginas e tiragem inicial de 15 mil exemplares. À família de Noel Rosa, foram oferecidos R$ 60 mil.

"Da nossa parte, chegamos a um acordo. Para minha surpresa, houve a recusa do Didier", diz, de Nova York, onde mora, Elio Joseph, marido de Maria Alice e representante nas negociações.

Ele afirma que as queixas que motivaram as ações foram deixadas de lado. "Falar em mudanças no livro agora seria complicar ainda mais o processo."

O próprio dono da Companhia, Luiz Schwarcz, ligou para Didier, mas não conseguiu convencê-lo.

Em nota, a editora confirma as informações apuradas pela Folha e diz que "segue aberta à possibilidade de reedição, tendo em vista a importância do livro e o papel decisivo de Noel Rosa para a cultura brasileira".

Maria Amélia Mello, diretora editorial da José Olympio, afirma que se trata "de um projeto importante, que qualquer editora séria, com bom catálogo e fundo editorial, terá interesse".


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