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Teatro

Grupo mostra peças sobre triângulos amorosos

Textos de Nelson Rodrigues e Jean-Luc Lagarce estão nos palcos paulistanos

'A Serpente', de Nelson Rodrigues, e 'Últimos Remorsos...', de Jean-Luc Lagarce, estreiam neste fim de semana

GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Dois triângulos amorosos inéditos nos palcos paulistas são revelados neste fim de semana. Cada um trata, de modo distinto, da inabilidade do homem em se relacionar afetivamente.

Ambos são apresentados pelo mesmo grupo: a festejada companhia teatral carioca Os Dezequilibrados.

"A Serpente", última peça de Nelson Rodrigues e a mais recente criação do grupo do encenador Ivan Sugahara, explora a exaltação das emoções com linguagem sintética.

Montado em 2007, "Últimos Remorsos Antes do Esquecimento", do francês Jean-Luc Lagarce, faz o oposto. "É uma dramaturgia íntima, mas com algum cinismo, em que as palavras estão recheadas de suspensões, ausências, perdas", diz Sugahara.

"Últimos Remorsos...", apresenta um acerto de contas entre três antigos amantes. O reencontro ocorre na casa onde moravam, espaço que faz alusão a um jogo de tabuleiros no qual os personagens movimentam suas cadeiras como peças de xadrez.

A fala é farta, mas a comunicação não se estabelece, dificultada pela presença dos novos cônjuges e pelo peso do passado morto. A tensão surge das emoções contidas.

"Nas duas montagens são percebidas forças que estão além do controle dos personagens e que os impelem a agir de um modo próximo do trágico", afirma José Karini, ator das duas peças.

Para ele, "A Serpente", texto em que uma mulher empresta seu marido à irmã para ela descobrir o prazer, sintetiza a busca de Nelson Rodrigues pela essencialidade.

"Ela é construída com uma sucessão de clímaces, foge da estrutura tradicional, na qual uma cena prepara o terreno para outra até o ponto alto."

Letícia Isnard, protagonista de "Últimos Remorsos...", diz que as peças também mostram diferenças culturais dos universos francês e brasileiro.

"O melodrama tragicômico de Nelson Rodrigues é seco, preciso, de frases curtas. A linguagem de Lagarce se apresenta por torrentes de palavras e de certa formalidade das relações entre os personagens", afirma Isnard.

A companhia Os Dezequilibrados, que divide a sede no Rio com os grupos Cia. dos Atores e Pangeia, dá continuidade ao trabalho de pesquisa que surge desses espetáculos.

Sua próxima criação, prevista para 2014 e com título provisório de "História do Amor", vai retratar a evolução do relacionamento amoroso ao longo dos tempos. "Queremos pensar o amor não como algo inerente à natureza humana, mas como uma invenção do ser humano, sujeito a alterações", conta Sugahara.


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