Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Conhecimento do autor surpreendeu brasileiros

MARCO RODRIGO ALMEIDA
DE SÃO PAULO

Há cerca de um ano, quando o telefone tocava na casa de músicos e pesquisadores ligados à bossa nova, era quase certo que do outro lado da linha estivesse Marc Fischer.

Durante sua passagem pelo Rio, o jornalista/detetive alemão interrogou inúmeros amigos ou antigos companheiros de João Gilberto. Em geral, causava boa impressão pela simpatia e surpreendia pelo conhecimento sobre a música brasileira.

Muitos desses encontros tiveram a "mão" de Cristina Ruiz-Kellersmann, colunista do jornal "O Globo". A jornalista mora desde 1995 na Alemanha, onde também atua em produção cultural.

Em 1999, Cristina trabalhou na turnê de João Gilberto nos EUA e na Itália. Foi a ela que Fischer recorreu em agosto de 2010, enquanto preparava sua viagem ao Rio de Janeiro. "Ele quase me levou à loucura", diz.

"Me ligava de manhã, de tarde e de noite. Era muito insistente." No início receosa, Cristina aos poucos deixou-se convencer diante da devoção de Fischer a João Gilberto e ajudou-o a contatar Miúcha, João Donato, Ruy Castro e Menescal, entre outros.

"O que achei estranho era que ele nunca tinha demonstrado interesse pela música brasileira", afirma Cristina.

Fischer ganhou fama no jornalismo alemão durante os anos 1990, especialmente quando trabalhou na revista "Tempo", voltada ao público jovem e à cultura pop.

Em artigo publicado no "Globo" em 19 de abril, Cristina relembra que uma das matérias dele de maior repercussão foi uma entrevista feita com Björk no telhado de um prédio, em 1995.

Em seu livro, Fischer conta que pegou o "vírus" da música brasileira há cerca de 15 anos, em Tóquio. Lá, topou com Toshimitsu Aono, que certa noite colocou na vitrola o LP "Chega de Saudade" (1959). A primeira canção que ouviu foi "Ho-ba-la-lá". O resto virou história, e está nas páginas saborosas do livro.

Na última delas, a de agradecimentos, uma das citadas é a cantora Joyce, que também foi entrevista pelo jornalista. "Ele era uma graça, muito informado. Conhecia não só João, mas até o meu repertório. Parecia feliz. Fiquei triste com o que aconteceu", disse a cantora.

Fischer se jogou da janela de seu apartamento em abril. "Soube que ele sofria de depressão" diz Cristina, que não o conheceu pessoalmente.

Por coincidência, um americano com quem Fischer dividiu apartamento no Rio se matou ao pular do 11º andar de um prédio em Ipanema durante as pesquisas do livro.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.