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Opereta do século 19 ganha contornos de musical em SP

'O Morcego', que encerra temporada do Municipal, tem 'pot-pourri' que inclui 'Pegando Fogo', sucesso de Gal

Em cena, elenco atua com microfone e veste figurino moderno; tom ligeiro do original de Strauss 2º é mantido

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Microfones, texto em português, uso de música popular: a última montagem do Municipal em 2011 aproxima a opereta (peça curta e leve) "O Morcego" dos musicais.

Apresentada pela primeira vez em Viena, em 1874, pelo "rei da valsa" Johann Strauss 2º (1825-99), "O Morcego" é um título habitualmente escolhido para o fim do ano em casas de todo o planeta, devido ao caráter alegre do texto e à ligeireza da partitura do autor de "Danúbio Azul".

"Na história da música, sempre houve gêneros de ópera cômica para revezar com a ópera séria", explica o maestro Abel Rocha, diretor musical da montagem. "Chamamos 'O Morcego' de opereta porque foi escrito no século 19. No século 18, seria chamada de ópera bufa e, nos dias de hoje, seria um musical."

Para reforçar a ligação entre esses gêneros, a ópera tem, no segundo ato, um "pot-pourri" com arranjos de Miguel Briamonte (com vasta experiência em musicais), que costura trechos de ópera e musicais, culminando com "Pegando Fogo" (José Maria de Abreu/Francisco Mattoso), sucesso na voz de Gal Costa.

O elenco atua com microfone. "Como acontece em 80% dos teatros do mundo, a amplificação é um recurso que utilizamos para que as pessoas consigam entender o texto que está sendo falado", afirma Rocha.

O diretor cênico, William Pereira, não apenas traduziu os diálogos do alemão, como adaptou-os para a atualidade. Os personagens trajam figurino moderno, comunicam-se por SMS e fazem uma série de piadas alusivas ao contexto de hoje.

E o ator Fulvio Stefanini faz uma participação no papel de Frosch, o carcereiro.

"Algumas pessoas têm preconceito com o uso do português, mas usar a língua do país tem apelo direto para quem assiste e ajuda a acompanhar o desenvolvimento da história", diz o maestro.

"Ninguém se incomoda em ver Shakespeare traduzido. E utilizar diálogos em português e cantar em alemão seria um contrassenso."

Hoje, segunda e quarta, os protagonistas serão interpretados por Carmen Monarcha (Rosalinde), Juremir Vieira (Eisenstein), Gabriella Pace (Adele) e Douglas Hahn (Dr. Falke).

Na récita deste domingo, suas partes serão assumidas, respectivamente, por Rosana Lamosa, Fernando Portari, Edna D'Oliveira e Leonardo Neiva.

"Ter dois elencos foi o jeito que encontramos de fazer todas as récitas em dias consecutivos", diz Rocha. "E os diversos sotaques regionais acabaram criando um elemento de comicidade que a gente manteve. Tem o paraense da Carmen, o gaúcho do Juremir, o carioca da Rosana e do Fernando", enumera.

"De todas as produções do Municipal em 2011, 'O Morcego' teve a agenda mais apertada", conta o regente.

"Incluindo o coro, são mais de 200 pessoas no palco -ou seja, trata-se de uma verdadeira operação de guerra", completa ele.

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