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Com telas cheias de cor, artista tenta exaltar e acalmar ânimos
Taisa Nasser cria reflexão sobre estados da consciência em série de pinturas saturadas de tinta
Inspirado em teorias do psiquiatra suíço Jung, trabalho que busca 'efeito catártico' ganha exposição em São Paulo
Nas telas de Taisa Nasser, as cores não se misturam, mas se acumulam lado a lado em manchas grossas, seguindo uma estrutura arquitetônica. Não é um acaso.
Nasser, que já mostrou suas composições carregadas de cor no Grand Palais, em Paris, na embaixada brasileira em Berlim e agora expõe no Clube A Hebraica, em São Paulo, é uma arquiteta e urbanista que começou a pintar quadros na tentativa de exaltar ou acalmar os ânimos, sempre em busca do que chama de "efeito catártico".
"Vejo que as cores atuam para mim como uma transformação de consciência", diz Nasser. "Muitas vezes, acontece uma catarse. As cores puxam camadas do inconsciente e têm um poder forte sobre a mente humana."
Esse impacto das cores na percepção é alvo de estudos da artista, que se inspirou nas reflexões sobre alquimia do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, morto em 1961.
São ideias que lastreiam seu processo plástico, na tentativa de ir além do simples arrebatamento pela cor, como faziam os fauvistas franceses, encabeçados por Matisse, no começo do século 20.
"Em todos os trabalhos, ponho a percepção que tenho do espaço, dos ambientes que frequento", diz Nasser. "Comecei a pesquisar a arte e a ampliação da consciência."
Ou seja, Nasser descarta o figurativismo dos franceses para criar composições abstratas que tentam induzir a estados físicos e mentais, numa aproximação com a obra do artista russo Wassily Kandinsky, morto em 1944, que dispunha suas manchas de cor sobre a tela seguindo um ritmo matemático e musical.
Mas Nasser, que também acaba de lançar na Alemanha um livro detalhando o pensamento por trás de seu trabalho, parece ser menos metódica. "É um trabalho que vem da alma", diz a artista. "É vital para mim trabalhar com as cores, preciso disso."