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Eu e meu museu

Megaespaço de exposições criado por mexicano bilionário confirma onda de instituições privadas pelo mundo

SILAS MARTÍ ENVIADO ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO

Em frente ao mais novo museu da Cidade do México, fotógrafos se amontoavam para fazer um retrato nítido do dono de tudo aquilo.

Eugenio López, único herdeiro da fortuna acumulada pela gigante mexicana de sucos Jumex, deixava um rastro de flashes por onde passava, sorrindo de orelha a orelha, na inauguração de seu museu, no mês passado.

"Isso me enche de emoção. Não sei se traduz minha personalidade, mas lembra os muitos anos que dedico à arte", dizia López. "Sempre gostei de colecionar obras. Comecei com uma salinha na fábrica do meu pai, e agora tenho um museu inteiro."

Não é qualquer museu. Sua estrutura, projetada pelo badalado arquiteto britânico David Chipperfield, é um colosso bege orçado em R$ 110 milhões. Fica de frente para outro museu, o Soumaya, que um dos homens mais ricos do mundo, Carlos Slim, construiu e batizou com o nome da mulher.

É um caso típico de homens comparando seus bolsos. É também um fenômeno que varre o globo, do México à China, passando pelo Oriente Médio e pela Rússia.

No ano que vem, o arquiteto holandês Rem Koolhaas deve concluir em Moscou as obras do Garage, o museu dos bilionários russos Dasha Zhukova e Roman Abramovich, famosos pelas peças que já compraram e também por velejar até Veneza num lustroso e imenso iate preto a cada abertura de Bienal.

Eli Broad, bilionário americano presente à festa de López, abre seu próprio museu em Los Angeles em 2014. Escalou para o projeto a firma americana Diller Scofidio + Renfro, a mesma que desenhou o futuro Museu da Imagem e do Som do Rio.

Inaugurado há duas semanas, em Miami, o Pérez Art Museum, obra da firma suíça Herzog & de Meuron, só saiu do papel com a doação de R$ 93 milhões de Jorge Pérez, magnata do setor imobiliário que, em troca, pediu para dar seu nome ao museu.

FÓRMULA DO SUCESSO

Querendo aparecer ou não, todos esses novos donos de museu seguem a mesma fórmula. Primeiro acumulam bilhões, depois constroem megacoleções e, por último, contratam arquitetos estrelados para projetar instituições com a sua cara.

Não podem faltar festas e coquetéis extravagantes.

Na inauguração do Museu Jumex, López mandou servir não só taças, mas garrafas inteiras de champanhe aos convidados, que se esbaldavam numa boate dourada.

Mais para o fim da noite, a pista de dança criada por Etienne Russo, que já ambientou desfiles de Jean-Paul Gaultier, virou uma lambança só quando os mais animados brincavam de molhar os amigos com jatos borbulhantes de Moët & Chandon.


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