Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Meryl Streep capta drama de sua geração

Personagens escolhidos têm sempre a ver com questões vividas pelo público que ficou adulto no final dos anos 1960

Aos 64 anos, atriz encarna megera no fim da vida que decide fazer um acerto de contas com as três filhas

DO "NEW YORK TIMES"

Papéis interpretados por Meryl Streep capturaram os dramas pessoais e familiares de muita gente que chegou à idade adulta no fim dos anos 1960 e começo dos anos 1970.

Quando a atriz tinha 30 anos, a mocinha ingênua que ela interpretara em "O Franco Atirador" (1978) deu lugar à personagem feminista problemática Joanna Kramer, de "Kramer vs. Kramer" (1979).

No filme de 1979, Streep deixava a família em busca de realização pessoal e depois voltava à cena para disputar a guarda do filho.

"Era exatamente o que muitas mulheres, inspiradas pelo movimento feminista, estavam sentindo", aponta a escritora Gail Sheehy. O desempenho de Streep se equiparava ao que Sheehy descreveu em seu livro "Passages" como "a armadilha dos 30" --uma previsível colisão com complicações da vida adulta.

O filme valeu a segunda indicação de Streep ao Oscar e sua primeira vitória, como melhor atriz coadjuvante.

Mais tarde, a atriz defenderia causas sociais em "Silkwood "" O Retrato de uma Coragem" (1983); buscaria aventura em "Entre Dois Amores" (1985); e, como o mal disfarçado alter ego da escritora Nora Ephron, em "A Difícil Arte de Amar" (1986), teria ilusões românticas despedaçadas por um marido traidor.

AMOR E CRISE

A chegada dos 40 anos trouxe a implosão de "Lembranças de Hollywood" (1990), mas o amor voltou a florescer aos 46, com "As Pontes de Madison" (1995) --e também no longa "Simplesmente Complicado" (2009) e de novo em "Um Divã para Dois" (2012).

"O Diabo Veste Prada" (2006) falava de crise profissional. Nele, Streep, 56, interpretava a aparentemente impiedosa editora de moda Miranda Priestly, lutando para salvar sua carreira.

Em "A Dama de Ferro" (2011), como Margaret Thatcher, ela encarou com bravura um futuro de senilidade e conquistou o terceiro Oscar: o de melhor atriz, em 2012.

Streep não quis discutir sua trajetória em entrevista. Mas Laurence Mark, produtor de "Julie & Julia" (2009), no qual a atriz, por volta dos 60, interpretou a cozinheira e escritora Julia Child, disse: "Meryl jamais escolhe papéis pensando em quantos ingressos um filme vai vender ou no cachê. Faz escolhas por se sentir genuinamente atraída por um papel".

Em "Julie & Julia", Streep tem seu momento como mentora, inspirando uma sucessora vivida por Amy Adams.

CIGARRO E PÍLULAS

Agora é a vez de Violet Weston, em uma fase com a qual os fãs de Streep talvez não queiram se identificar.

Nos seus dias bons, Violet usa uma peruca péssima; nos ruins, nem se incomoda com isso. Continua fumando muito --o câncer que se dane.

Reunidas para o funeral do pai, suas filhas (vividas porJulia Roberts, Juliette Lewis e Julianne Nicholson) tentam forçá-la a abandonar o uso de pílulas. Mas ninguém pode impedi-la de dizer o que pensa, brutalmente e sem filtro.

"Só digo a verdade. A verdade incomoda algumas pessoas", diz a Violet de Streep.

O filme dividiu críticos. Steve Pond o elogiou no site The Wrap: "Com a inexpugnável Streep no comando, é difícil para o espectador não embarcar na viagem, mesmo que se sinta um tanto inseguro".

"Streep mergulha na psique nuclear de Violet com tamanha ferocidade que corre até um ligeiro risco de perder de vez nossas simpatias", disse Tim Robey no jornal "The Telegraph", de Londres.

Talvez a questão mais profunda seja determinar se as pessoas que sempre se identificaram com os papéis da atriz --uma mulher que está por baixo, em "A Dama de Ferro", uma mulher de cabeça para baixo em "Mamma Mia!" (2008)-- estão preparadas para se ver em Violent Weston no seu caminho para um fim nada delicado.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página